O Presidente da República informa, esta segunda-feira, que assinou o decreto que estabelece um dia de luto nacional em homenagem a Eunice Muñoz. As cerimónias fúnebres realizam-se entre hoje e amanhã na Basílica da Estrela, em Lisboa.
Numa curta nota publicada esta segunda-feira no site da Presidência da República lê-se que, ontem, o chefe de Estado “assinou o Decreto que estabelece luto nacional, na terça-feira 19 de abril, em homenagem a Eunice Muñoz”.
Questionado durante o fim de semana sobre uma possível transladação do corpo da atriz para o Panteão Nacional, Marcelo Rebelo de Sousa disse não se querer “imiscuir numa decisão da Assembleia da República”.
“Eu pessoalmente não acho nada. Era uma maneira de intervir na competência da Assembleia. Tenho de ter muito cuidado nisso”, apontou o Presidente da República.
A atriz morreu sexta-feira, no Hospital de Santa Cruz, em Lisboa, aos 93 anos. Nascida na Amareleja, no distrito de Beja, em 1928, Eunice Muñoz completou em novembro 80 anos de carreira.
A estreia de Eunice Muñoz aconteceu no Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, em 28 de novembro de 1941, na peça “Vendaval”, de Virgínia Vitorino, com a Companhia Rey Colaço/Robles Monteiro, que aí se encontrava sediada.
Filha e neta de atores de teatro e de artistas de circo, ao longo da carreira Eunice Muñoz entrou em perto de duas centenas de peças, trabalhou com cerca de uma centena de companhias, segundo a base de dados do Centro de Estudos de Teatro da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e, no cinema e na televisão, o seu nome está associado a mais de oito dezenas de produções de ficção, entre filmes, telenovelas e programas de comédia.
Em abril do ano passado, Eunice Muñoz foi condecorada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, cerca de três anos depois de ter recebido a Grã Cruz da Ordem de Mérito.
Ao longo de 2021, contracenou com a neta Lídia Muñoz, na peça “A margem do tempo”, em diferentes palcos do país, numa digressão que culminou no Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, em 28 de novembro, exatamente 80 anos após a sua estreia.
No final da sessão, a que assistiram o primeiro-ministro, António Costa, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, e a ministra da Cultura, Graça Fonseca, foi prestada uma homenagem à atriz.
“Este teatro foi a minha casa durante muito anos, fui feliz no palco, em tudo o que cá fiz”, afirmou então Eunice Muñoz, no final da sessão.”Agradeço sobretudo a vocês, ao público, que me acarinhou, que me aplaudiu desde que comecei, até agora que comemoro os meus 80 anos de carreira”, salientou.
“O teatro precisa de nós, de nós no palco e de vocês que recebem o melhor que temos para dar”, acrescentou ainda Eunice Muñoz, concluindo que, “apesar dos dias estranhos e difíceis, o belo continua a existir”.
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