Rock in Rio

“Um sinal de afirmação” e o hip-hop recebido “de braços abertos”: Sam The Kid e Mundo Segundo em entrevista à SIC no Rock in Rio

Sam The Kid e Mundo Segundo atuaram juntos no quarto e último dia do Rock in Rio Lisboa 2022.

“Um sinal de afirmação” e o hip-hop recebido “de braços abertos”: Sam The Kid e Mundo Segundo em entrevista à SIC no Rock in Rio

Um concerto em dupla. A primeira vez para o rapper do Norte no Parque da Bela Vista, um espaço “quase casa” para Sam The Kid. O artista de Chelas subiu ao palco “Galp Music Valley” com Mundo Segundo no quarto e último dia de Rock in Rio Lisboa. Em entrevista à SIC Notícias, Samuel Mira falou do “sentimento de posse” em relação ao festival, da sua Associação “Chelas é o Sítio” e da importância do hip-hop em Portugal. Mundo Segundo confessou estar feliz por atuar na “Cidade do Rock”. Juntos, falaram de projetos – em dupla e não só.

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Samuel, o que representa para ti estar no Rock in Rio hoje tão perto de casa?

Sam The Kid: Representa muito porque realmente estou perto de casa e nós aqui temos um sentimento de posse em relação a este festival. É um festival que abraçamos como nosso e é muito bonito também começar a ver essa reciprocidade derivado também à curadoria da Associação “Chelas é o Sítio”. Vemos isso muito mais verbalizado, enquanto um sítio no mapa em que o Rock in Rio é feito. Ficamos muito felizes por isso estar a acontecer.

Quando a tua associação é convidada para tratar do palco, o que sentiste?

Sam The Kid: Senti uma grande surpresa em primeiro lugar. Não estava à espera que fosse já para este ano. Começámos uma curadoria na “Casa de Pedra” ainda no tempo de pandemia, que correu muito bem. Quando nos fizeram o convite, que nós idealizaríamos isso no futuro, fizemos logo os planos – não só eu, também outro membro da associação que também está dentro da música. Fizemos aqui uma escolha interessante em que temos realmente a prata da casa e alguns talentos que já estão a viver o sonho. Há aqueles que estão a tentar alcançar o sonho, que se juntam no “backstage” com aqueles que estão a viver o sonho. Cria-se um “network” e damos uma boa imagem num festival familiar, onde também se calhar a pessoa pode ter algum preconceito.

Serve para desmistificar esse preconceito?

Sam The Kid: Também serve para isso, evidentemente, porque também é um festival familiar e acho que é o momento certo para o fazermos.

Como é que foi a adesão ao palco [Yorn]?

Sam The Kid: Foi muito boa. É um palco de passagem. Também é um palco ideal para conquistar pessoas que podem não conhecer o projeto. Embora, como já disse, há projeto que andam aí pela estrada com grandes concertos. Se calhar aqueles que são mais para o final do dia já têm uma adesão maior a nível de público, mas mesmo aqueles iniciais também têm aquela descoberta do “se calhar paras ali, ouves duas músicas, depois vais para outro palco. Mal entras no recinto, levas logo com ele ali de frente e, se calhar ficas logo ali a ouvir duas músicas.

Mundo Segundo, qual é a expectativa para o concerto?

Mundo Segundo: É alta, a expectativa é alta. É a primeira vez que estamos aqui em parceria. O Sam já esteve cá. Eu já vi ali à frente o anfiteatro bem composto, por isso, estamos prontos para dar tudo, 100% sempre.

Como é que foi escolher as músicas de hoje, para este tempo de concerto, para este público e os dois, em dupla?

Mundo Segundo: Foi complicado, tivemos que fazer uma seleção muito pormenorizada porque, na verdade, tínhamos música para duas ou três horas de concerto. Normalmente, fazemos uma hora e meia de show, uma hora e vinte. Tivemos que condensar tudo, escolhemos aquelas que nos olhavam mais a nós e pensamos que também ao público. Por isso, esperamos que toda a gente fique satisfeita no final.

Como é que te sentes agora?

Mundo Segundo: Sinto-me bem, sinto-me feliz. Estou aqui a fazer o que gosto, estou com o meu irmão de longa data, por isso, não podia estar mais feliz.

Hoje o hip-hop português está “em peso” no Rock in Rio. Que importância em isto?

Sam The Kid: Tem uma importância muito grande, acaba sempre por ser um sinal de afirmação daquilo que se tem vindo a passar a nível mundial: ser uma linguagem que as pessoas recebem de braços abertos dentro até de uma grande variedade de ambientes. Às vezes há certas pessoas que gostam de por o hip-hop numa coisa de intervenção. Mas, felizmente, também não é só intervenção. É diversão, é poesia. Há hip-hop que faz sentido no Rock in Rio e há hip-hop que faz sentido noutros palcos. É tão rico a esse ponto. E quando falo de hip-hop também gostaria de mencionar as várias vertentes. Por exemplo, antes do nosso concerto, temos um Dj que toca connosco que também vai estar aqui na “poolparty”, também contratam Djs de hip-hop para passar hip-hop. Tens os dançarino Jazzy Dancers que também interagem nos concertos que nós fizemos a curadoria, a dançar algum “breakdance”, que também é da cultura de hip-hop. São as várias vertentes que estão todas interligadas e com espaço num festival que é “super mainstream”.

Tiveram tempo de ver outros concertos antes de virem para aqui?

Mundo Segundo: Sim, consegui picar alguns dos concertos. Mas o que me interessava era essencialmente perceber o diferente clima nos diferentes palcos, então tentei ir um bocadinho a cada um e percebi que há este movimento de pessoas que já são seguidores da banda em questão e os curiosos, que é exatamente o que pretende o palco Yorn.

E hoje também há aqui um público jovem, mas também um público jovem que vem acompanhado pelos pais. Acho que isto é também importante para o hip-hop português. Para finalizar, quero perguntar a cada um por novos projetos. O que é que vem daí?

Sam The Kid: Imensos. Imensos, imensos projetos. Eu estou sempre a produzir. Tenho um trabalho aí a vir com o DJ Nel Assassin, que se chama “Mão de obra”, tenho trabalho com outro amigo meu que se chama “Veludo”. Estou sempre a fazer podcasts. Tenho um álbum que sai no meu dia de anos, no dia 17 de julho, que se chama “Caixa de Ritmos II”. Tenho o meu programa na Antena 3. E nós estamos sempre a picar. Temos um álbum que está a ser feito nestes anos todos. Não temos pressa, há-de sair quando tiver que sair.

Um álbum em dupla?

Sam The Kid: Sim, sim. Sairá quando tiver que sair. Ou seja, no projeto que eu tenho com o Mundo [Segundo] será mais anualmente. Vamos mostrando singles. Também é uma maneira anual de promovermos o nosso trabalho.

Mundo Segundo, além deste projeto com o Sam The Kid, há outros projetos…

Mundo Segundo: Sim, tenho estado quase todos os dias no estúdio. Tenho a minha pequena editora independente, “O segundo piso”, onde tenho cerca de 14 artistas, todos a gravar em simultâneo. Metade deles já têm projetos feitos e acabados. Também vou fazendo algumas coisas esporadicamente minhas, quando tenho tempo, também faço rádio, tal e qual o Sam, na “Nova Era”, no Porto. Vamos dividindo aqui múltiplas coisas. Mas o importante é manter a cultura viva e estar sempre a fazer coisas. Não interessa quando, seja qual for o tempo.

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