Desporto

Paulo Bento aponta aos "oitavos" do Mundial e admite mexidas pontuais na seleção 

O selecionador português de futebol, Paulo  Bento, apontou hoje como objetivo os oitavos de final do Mundial2014, confirmou  a "natural influência" de Cristiano Ronaldo e admitiu eventuais mexidas  nos eleitos para a prova no Brasil. 

(Reuters)
© TT News Agency / Reuters

Em entrevista à televisão TVI, quase 24 horas depois da qualificação  à custa da vitória sobre a Suécia, por 3-2, o técnico luso começou por afirmar  que os "objetivos e ambições" foram alcançados, apesar de assumir responsabilidades  pessoais no não apuramento direto na fase de grupos. 

"O trajeto não foi fácil", admitiu, e apontou os três jogos consecutivos  sem ganhar (derrota na Rússia e empate com Irlanda do Norte e Israel) como  determinantes para a necessidade de apuramento pela via do "play-off", embora  isso tenha "provocado mais desconfiança externas" do que no treinador, jogadores  e dirigentes federativos. 

Além dos "méritos e confiança dos grande obreiros -- os jogadores",  Paulo Bento associou Fernando Gomes, presidente da FPF, ao sucesso da seleção,  pois "esteve sempre presente, sobretudo nos momentos mais difíceis". 

Espírito solidário que foi também argumento para falar do seu futuro  à frente da seleção: "No meu contrato, feito com a direção anterior e assumido  pela atual, existe uma cláusula que prevê a possibilidade da FPF rescindir  comigo caso não atingisse os objetivos, isto é, a presença no anterior Europeu  e neste Mundial". 

"Se falhasse, e não rescindissem, pediria tempo para ponderar, mas sentar-me-ia  com o presidente", disse o técnico, que admite "gostar muito" do seu trabalho  com a seleção nacional, embora, "a seu tempo", vá debater o futuro com Fernando  Gomes, dando a entender que o fará após a participação no campeonato do  mundo, em finais de julho. 

Sem mascarar a preponderância de Cristiano Ronaldo no sucesso do combinado  luso, Paulo Bento refuta a tese de dependência: "Falaria, sim, em grande  influência". 

"É um jogador determinante, com atributos técnicos, físicos, táticos  e emocionais que lhe conferem grande influência na seleção e nas equipas  onde tem jogado. Por isso, a sua influência não é anormal", argumentou.

 E, com a votação para o Melhor do Mundo ainda em marcha, sublinhou:  "Noutros momentos, já foi injusto que não tivesse ganhado esse título. Mas,  neste momento, se não ganhar é tremendamente injusto".  

Voltando a "bitola" para a competição no Brasil, admitiu ser "difícil  dizer se serão estes 23 ou 24 que irão ao Mundial". 

"O que me parece é que irão muitos deste grupo, se tudo correr na normalidade",  afirmou, rejeitando quaisquer polémicas com jogadores, nomeadamente com  Danny, que antes do jogo com Israel, ainda na fase de grupos, apresentou  queixas físicas e jogou, poucos dias depois, pela sua equipa, o Zenit de  São Petersburgo, da Rússia. 

"Cinjo-me às informações que me dão o jogador e o departamento médico.  Se depois joga pelo clube, nada posso fazer", afirmou, a propósito. 

Ainda sobre o futuro imediato da Seleção e sua possível renovação, realçou  a nova "fornada" de jovens talentos, apontando contextos favoráveis nesse  sentido, como a criação das equipas B (na II Liga portuguesa) e o facto  de "estarem muito bem treinados" por Rui Jorge, selecionador sub-21. 

Por fim, "enterrou" a polémica com Pinto da Costa (que afirmou, há uns  meses, não o querer como treinador no FC Porto) e renovou os votos de saúde  ao dirigente portista: "Importante é o momento pelo qual passa e o que pretendo  é que recupere nas melhores condições possíveis e que volte ao ativo o melhor  possível". 

"Nos clubes, é o presidente que escolhe quem bem entende para treinador.  Não tenho que me magoar pelo presidente de qualquer clube não me querer",  sublinhou. 

Por outro lado, o "momento infeliz" de Joseph Blatter, presidente da  FIFA, que caricaturou Cristiano Ronaldo e mostrou preferência pública pelo  argentino Lionel Messi, mereceu críticas do selecionador nacional. 

"A melhor resposta foi dada pelo Cristiano, dentro do campo, com rendimento  e qualidade. O que Blatter fez era evitável. Não o dignificou na forma e  no conteúdo. Desculpou-se, mas o mal estava feito. Há coisas que, por mais  que se pensem, não se podem dizer", concluiu. 

Lusa