A Arábia Saudita será o 30.º país diferente a acolher o Rali Dakar de todo-o-terreno, que arranca no domingo da cidade de Jaddah, colocando novos desafios culturais aos concorrentes devido às restrições em vigor naquele país.
A proibição do consumo de álcool ou drogas durante a prova, bem como o aconselhamento aos concorrentes para terem cuidado com determinados comportamentos, como circular com o tronco à mostra ou com calções acima do joelho, são algumas das novidades com que os 570 concorrentes inscritos vão ter de enfrentar.
Depois de 11 anos na América do Sul e de 30 em África, o Dakar vai, agora, para a Arábia Saudita, que pagará à Amaury Sport Organization (ASO) 15 milhões de dólares (13 milhões de euros) por cada um dos cinco anos de contrato assinado com a empresa que organiza a prova.
Se em 2009 foram as ameaças terroristas que obrigaram a mais mediática prova de todo-o-terreno a mudar-se de 'armas e bagagens' para o outro lado do Atlântico, as convulsões políticas e sociais que se vivem nos países que tradicionalmente vinham acolhendo a prova, como Chile, Bolívia ou Argentina, levaram a ASO a procurar novas paragens.
Em 2019, pela primeira vez, correu-se num único país, com o Peru a acolher todas as dez etapas, na versão mais curta de sempre.
A organização promete uma 42.ª edição com três quartos do percurso em areia e muita navegação.
Ao todo, serão 7.856 quilómetros, mais de cinco mil deles ao cronómetro, com 70% em deserto.
Inscritos estão 12 portugueses, entre motas (seis), carros (quatro), SSV (um) e camiões (um).
O francês Stéphane Peterhansel (Mini), que terá ao seu lado o navegador português Paulo Fiúza, o espanhol Carlos Sainz (Mini) e o qatari Nasser Al-Attiyah (Toyota), vencedor em 2019, são os principais candidatos a vencer a competição nos carros.
Pela primeira vez, um antigo campeão de Fórmula 1 alinhará à partida.
O espanhol Fernando Alonso (Toyota) será um dos cabeças de cartaz da prova, ainda que as hipóteses de vencer no ano de estreia sejam diminutas.
O australiano Toby Price (KTM), o britânico Sam Sunderland (KTM) e o austríaco Matthias Walkner (KTM), vencedores das últimas edições, são os principais favoritos ao triunfo nas duas rodas, contando com a oposição da equipa oficial da Honda, desta vez chefiada pelo português Ruben Faria.
De forma a introduzir algumas inovações e equilíbrio competitivo, a organização decidiu proibir o uso de telemóveis aos 25 primeiros classificados dos automóveis.
Haverá mesmo câmaras instaladas nos carros desses concorrentes, para controlar as suas ações dentro do cockpit.
Em seis das 12 etapas, o 'road book' (livro com as indicações do percurso) apenas será entregue às equipas 15 minutos antes da partida.
Os pilotos amadores terão um 'joker', que lhes permitirá regressar à corrida após uma primeira desistência por avaria mecânica.
Da segunda vez, ficarão mesmo fora de prova.
O combustível também será gratuito para os concorrentes.
O Dakar2020 arranca em 5 de janeiro em Jeddah, com uma tirada de 752 quilómetros, 319 deles ao cronómetro e termina no dia 17, em Riade.