Desporto

Opinião

O oásis da competência no meio da bruxaria  

Opinião do comentador da SIC Luís Aguilar.

O oásis da competência no meio da bruxaria  

Há noites assim. Em que somos brindados, de uma só vez, com a bela e o monstro. O melhor e pior. O céu e o inferno. Ao mesmo tempo. Tudo misturado a entrar-nos pelos olhos. Um cocktail molotov de emoções que nos deixa baralhados e a deambular entre a angústia e esperança.

No último sábado, do Jamor a Montevideo, tivemos o retrato perfeito do que são hoje os defeitos mais escabrosos e as grandes virtudes do futebol português.

Enquanto a B-SAD subia ao relvado com nove jogadores para defrontar o Benfica, Abel Ferreira preparava-se para vencer a segunda final consecutiva da Libertadores num jogo em que Palmeiras e Flamengo (pasme-se) entraram com onze de cada lado.

Por aqui vamos assistindo ao clássico jogo do empurra. Foi uma vergonha, um escândalo, algo que nunca poderia ter acontecido. Mas no final de contas a culpa volta a morrer solteira.

Não há responsabilidade do presidente da B-SAD - que achou por bem não pedir adiamento formal do jogo por temer a perda de pontos - nem da Liga, que se imiscuiu de tomar uma decisão e impedir toda aquela vergonha, mesmo que tivesse de fazê-lo em cima do acontecimento.

E os episódios seguintes não passam de jogos de espelhos em forma de comunicados, desmentidos, acusações, contradições e lágrimas de ocasião.

No Uruguai, por outro lado, vimos emoção real, glória e a consagração da equipa técnica estrangeira mais marcante do futebol brasileiro.

Por esta altura, os adeptos do Palmeiras vão implorando para que o ‘professor’ Abel não se vá embora e continue a ser o líder pedagógico e vencedor da equipa de São Paulo.

Deste lado, muitos adeptos portugueses vão desejando a saída imediata desta classe diretiva de Rui Pedro Soares e afins, nova em idade, mas semelhante às gerações anteriores nesse incurável vício de desonrar a indústria da qual fazem parte.

Mas é esta a realidade de opostos que reina no futebol português. Capaz de formar técnicos e atletas de topo por oposição ao fracasso moral e ético daqueles que ocupam os cargos de poder.

Os primeiros vão para a universidade, para o campo e para o ginásio de forma a serem mais competentes e melhores. Os segundos vão a tribunal e à bruxa.