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Mundial 2022: Humans Rights Watch acusa FIFA de minimizar “as mortes e dificuldades dos migrantes”

Desde 2015, morreram 35 pessoas em projetos do Mundial.

Mundial 2022: Humans Rights Watch acusa FIFA de minimizar “as mortes e dificuldades dos migrantes”

A organização Human Rights Watch (HRW) considerou esta quarta-feira que o presidente da FIFA insultou os migrantes envolvidos na construção das instalações para o Mundial Qatar2022 ao desvalorizar as mortes ocorridas em acidentes de trabalho.

Numa carta divulgada esta quarta-feira, a diretora de iniciativas globais da Human Rights Watch, Minky Worden, referia que Gianni Infantino “minimizou de forma surpreendente as mortes e as dificuldades dos trabalhadores migrantes no Qatar, onde, literalmente, construíram o Mundial FIFA2022”.

A Organização Não-Governamental (ONG) entende que “é preciso mostrar ao mundo que as mortes e os abusos sobre os trabalhadores migrantes no Qatar são uma mancha histórica que precisa de ser reparada, antes que a bola comece a rolar” na competição que decorrerá no Qatar, entre 21 de novembro e 18 de dezembro.

Na passada terça-feira, o presidente da FIFA desvalorizou as mortes ocorridas na construção dos estádios para o Mundial2022, preferindo elogiar o “orgulho” e a “dignidade” dados aos trabalhadores neste projeto.

“Quando se dá um emprego a alguém, mesmo que as condições sejam duras, damos dignidade e orgulho. Não é caridade”, disse o dirigente durante a conferência mundial do Milken Institute, em Los Angeles.

“FIFA não está aqui para ser a polícia do mundo”

Gianni Infantino respondeu desta forma quando questionado sobre se a FIFA iria usar os seus lucros para ajudar as famílias dos muitos migrantes que morreram nos últimos anos a construir os estádios, em condições de trabalho precárias e denunciadas pelos media e organizações internacionais.

“Seis mil trabalhadores podem estar a morrer noutros lugares (…). A FIFA não está aqui para ser a polícia do mundo nem é responsável por tudo o que acontece, mas graças a si e ao futebol, contribuiu para uma mudança social positiva no Qatar”, destacou.

O italo-suíço defendeu que “morreram três pessoas” nessas circunstâncias, contudo o jornal The Guardian apresentou recentemente outro número, mais concretamente 6.500.

O Qatar tem rejeitado os balanços de organizações independentes internacionais, assegurando que tem feito mais pelos migrantes do que qualquer outro país da região.

Segundo dados da Amnistia Internacional (AI), morreram, desde 2015, 35 pessoas em projetos do Mundial, mas o número de mortes ocorridas em outras construções relacionadas com a competição ainda é desconhecido.

Entre 2010 e 2019, mais de 15.000 trabalhadores estrangeiros morreram no Qatar, tendo a maioria dos óbitos sido atribuída a problemas cardiovasculares.

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