Desporto

Polémica no futebol francês: jogadores recusaram vestir as cores da LGBTQIA+

O Governo francês defende que os jogadores que recusaram vestir a camisola com as cores do arco-íris, alusivo à campanha anti-homofobia, devem ser sancionados.

Polémica no futebol francês: jogadores recusaram vestir as cores da LGBTQIA+
CHRISTIAN HARTMANN

Esta semana celebra-se o Dia Internacional contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia e a Liga Profissional Francesa (LFP) decidiu avançar com uma campanha de sensibilização para combater a discriminação no mundo do futebol. Os jogadores de futebol da Primeira e Segunda Ligas francesas vestiram camisolas com números pintados com as cores do arco-íris, associadas à comunidade LGBTQIA+, no passado fim de semana. No entanto, houve resistência por parte de alguns futebolistas.

De acordo com o jornal Le Monde, o slogan da campanha que decorreu no fim de semana era "Gay ou hétero, todos nós vestimos a mesma camisola". Porém, só alguns a vestiram.

Jogadores que recusaram vestir a camisola falam em respeito

No domingo, Toulouse e Nantes disputaram uma partida, na qual vários jogadores não apareceram em campo por terem recusado vestir a camisola. Foi o caso do defesa Zakaria Aboukhlal, do avançado Said Hamulic e do lateral Moussa Diarra.

Nas redes sociais, Zakaria explica que tem “a mais alta estima por cada indivíduo, seja quais forem as suas preferências pessoais, sexo, religião ou origem”. O avançado marroquino nascido nos Países Baixos acrescenta:

"O respeito é um valor que tenho em grande estima. É extensivo aos outros, mas também engloba o respeito pelas minhas convicções pessoais. Por isso, não me considero a pessoa mais indicada para participar nesta campanha".

Da equipa do FC Nantes, o avançado egípcio, Mostafa Mohamed, também não apareceu em campo.

“Eu respeito todas as diferenças. Respeito todas as crenças e convicções. Este respeito estende-se aos outros, mas também inclui o respeito pelas minhas próprias crenças pessoais. Dadas as minhas raízes, a minha cultura, a importância das minhas convicções e crenças, não me foi possível participar nesta campanha", esclareceu nas redes sociais.

Sindicato francês reage à campanha anti-homofobia

A ausência de alguns jogadores este fim de semana chegou ao Sindicato Nacional dos Futebolistas Profissionais (UNFP), que defendeu publicamente que não cabe aos jogadores transmitir “mensagens coletivas”. Para além disso, considera “surpreendente” que os clubes de futebol franceses peçam isso.

“Se a luta contra a homofobia é uma causa importante, acabar com o bullying no futebol profissional francês também é importante”, conclui.

A LFP e a Federação Francesa de Futebol ainda não comentaram a polémica.

Governo francês fala em sanções

A ministra do Desporto, em declarações á televisão France 3, esclareceu que o objetivo da campanha era “passar uma simples mensagem contra a discriminação, algo que é essencial num país como a França, que defende e promove os direitos humanos. Por isso, os jogadores que recusaram fazê-lo devem ser sancionados”, defende Amélie Oudéa-Castéra.