A operação “El Dourado” tem já sete arguidos por suspeitas de tráfico humano. São cinco sociedades e duas pessoas - uma delas é Mário Costa, que renunciou na quarta-feira ao cargo de presidente da Assembleia Geral da Liga Portuguesa de Futebol Profissional.
A investigação do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), que dura há cerca de três anos, sinalizou 47 vítimas, das quais 36 são menores. Estão agora sob proteção do Estado português, em instituições da Segurança Social por indicação das autoridades.
A maioria dos jovens, entre os 13 e os 22 anos, foi retiradas da BSports Academy, em Riba D'Ave, no concelho de Vila Nova de Famalicão, enquanto são concluídos os detalhes para a viagem de regresso a casa.
Terá isso precisamente o desejo de alguns pais terem os filhos de volta à terra natal - têm origem em países de África, da Ásia e da América do Sul - que terá desencadeado esta investigação do SEF. Mas alguns, entre os mais velhos, optaram por ficar na academia, que permanece de porta fechada, sem fazer qualquer comentário ao caso.
Vinham para Portugal em busca do sonho de brilharem no mundo do futebol, mas chegados à academia eram obrigados a entregar os passaportes e proibidos de sair das instalações sem autorização. Eram vigiados 24 horas por dia e durante 11 meses tinham formação desportiva e académica, a troco de quantias entre os 600 e os 2.000 euros.
A promessa de uma carreira profissional nos principais clubes europeus era vendida por Manuel Cardoso, diretor-geral da academia, e primo de Mário Costa, a quem a Federação Portuguesa de Futebol instaurou já um processo.