Desporto

Federação de Canoagem lamenta cortes e diz que "desporto é tratado como fator secundário"

O presidente da Federação Portuguesa de Canoagem diz que os cortes no apoio ao desporto por parte da Santa Casa de Misericórdia são "surpreendentes" e garante que a modalidade pode sofrer consequências.

Loading...

Victor Félix, presidente da Federação Portuguesa de Canoagem (FPC), lamenta o facto de a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) ter decidido cortar no apoio ao desporto e diz que este é mais um exemplo da desvalorização do desporto em Portugal.

Victor Félix começa por dizer que este corte é "surpreendente", mas também "significativo", visto que representa entre 5 e 7.5% do financiamento da Federação Portuguesa de Canoagem. O líder federativo nota ainda que a SCML é o único patrocinador da entidade.

O presidente vê "com muita satisfação" o facto de os apoios se prolongarem até aos Jogos Olímpico e Paralímpicos de Paris, que serão disputados no próximo ano. Entende, no entanto, que este anúncio pode causar "alguma instabilidade" aos atletas, uma vez que o apuramento da modalidade de canoagem para Paris2024 acontece na próxima semana.

FPC vai procurar novas fontes de financiamento

Perdido o único patrocinador, a Federação Portuguesa de Canoagem terá que procurar novos patrocinadores, o que nem sempre é fácil de encontrar, lamenta.

"Apesar dos resultados e de na última década termos sido a federação desportiva com grandes resultados internacionais, não se tem revertido em patrocínios", afirma.

Se em 2024 a federação não reverter a falta de patrocinadores, terão que ser tomadas medidas, tais como o corte nas participações internacionais e no calendário nacional, informa o presidente.

“O desporto é sempre tratado como um fator secundário”

O Governo já informou que irá reunir-se com a Santa Casa da Misericórdia de forma a encontrar uma solução viável. Victor Félix informa que, em conjunto com outras federações, também a FPC fez pressão junto da Santa Casa de forma que possa haver "uma inversão da decisão e que o desporto não saia prejudicado".

"Quando se trata de cortes financeiros, o desporto é sempre tratado como um fator secundário da nossa sociedade. Nós reclamamos que existe uma constante desvalorização social e política da atividade física e desportiva. É, mais uma vez, esta imagem que a Santa Casa da Misericórdia deixa passar ao país: de que o desporto é uma atividade secundária no nosso país", atira.

Victor Félix acrescenta que existem vários desportos em Portugal que são financiados por via das apostas online. Lamenta que esses apoios não abranjam mais federações e faz o apelo ao Governo português para que alargue a mais modalidades a lei que permite este tipo de financiamento.

Decisão foi conhecida esta terça-feira

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) avisou várias federações desportivas da necessidade de rever o plano de patrocínios, a menos de um ano dos Jogos Olímpicos Paris2024. A justificação para este corte prende-se com "a conjuntura económico-social que se vive", que conferiu "novas exigências sociais e financeiras à SCML no que diz respeito ao apoio das populações mais vulneráveis", lê-se numa das cartas enviadas a várias federações olímpicas.