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Schmidt tem de dar um Girona

A opinião de João Rosado. Colocar os dois melhores médios do Benfica como falsos laterais é asfixiar o meio-campo.

Roger Schmidt
Roger Schmidt
PEDRO NUNES

Dois golos anulados e um penálti falhado evitaram que o Benfica esta noite estivesse a perder por... 5-0 ainda antes de concluída a meia hora do jogo decisivo com a Real Sociedad. A aberrante insistência de Roger Schmidt em dois “laterais” que são só os melhores médios da equipa potenciou um festival ofensivo aos bascos e atirou as águias para fora da Liga dos Campeões na sequência de uma derrota por “apenas” 3-1 e a 4 dias do escaldante dérbi com o Sporting.

O treinador alemão, que à passagem dos 21 minutos (altura em que Barrenetxea desferiu o derradeiro golpe em Trubin) deve ter sentido na pele os mesmos calafrios experimentados pelo compatriota Heynckes quando os encarnados foram goleados por 7-0 em Vigo há 24 anos, ainda emendou a mão com a saída de Florentino antes do intervalo mas é inadmissível que tenha confundido os respeitáveis Arouca e Chaves com o portentoso adversário desta terça-feira.

Como era notório e vale também para o confronto com Rúben Amorim, os campeões nacionais colocam-se muito a jeito quando estão a dar os primeiros passos em 3x4x3 e têm em simultâneo João Neves e Fredrik Aursnes na qualidade de falsos alas. Percebe-se que a ausência do lesionado Bah obriga a reinventar tudo no corredor direito e até pode autorizar a utilização do norueguês na posição do dinamarquês... desde que Neves esteja ao lado do homem da posição 6 ou da posção 8.

Neste género de nordic noir que filma o pesadelo do técnico no corredor direito, retirar o médio algarvio das suas águas naturais significa asfixiar o meio-campo, sector que em desafios de elevado grau de exigência não pode, pura e simplesmente, respirar somente à conta dos pulmões de João Mário ou de Orkun Kokçu. Este último, a contratação mais cara de Rui Costa no verão depois dos 25 milhões acertados com o Feyenoord, dificilmente será opção para domingo e a sua provável indisponibilidade acentua mais a necessidade de devolver em “definitivo” João Neves ao corredor central.

VINCENT WEST

Privado dos milhões da Liga dos Campeões, o Benfica sabe que o jovem de Tavira é o seu grande ativo financeiro, a bem das contas do campeonato não pode sair já em janeiro, e... se não brilhar intensamente como centrocampista nem a confessa admiração de Roberto Martínez lhe pode garantir um lugar no Euro da Alemanha e a inerente hipervalorização no mercado.

De positivo, em San Sebastián, apenas o golo de Rafa que assinalou o primeiro (!) tento dos lisboetas na prova. Precisamente no dia em que se assinala o 62º “aniversário” do primeiro golo de Eusébio da Silva Ferreira de águia ao peito na Taça dos Campeões Europeus.

O “King”, no mínimo, pediria que o remate de Rafa tivesse garantido um ponto. Para isso bastaria a Roger Schmidt imitar o que o sensacional Girona fez na ronda inaugural da Liga espanhola. O líder insuspeito do campeonato aqui do lado mostrou logo a abrir como esta Sociedad deve ser compreendida.