Na presidência do FC Porto há 41 anos, Jorge Nuno Pinto da Costa vive um dos momentos mais agitados desde que assumiu a liderança dos azuis e brancos. Numa altura em que há uma cisão entre os adeptos e o clube, as eleições estão agendadas para o próximo ano.
O histórico dirigente portista concedeu uma entrevista em exclusivo à SIC e à SIC Notícias, e começou por abordar os acontecimentos na Assembleia Geral, que originaram uma grande polémica no seio do clube.
“Foi um momento muito desagradável, muito mau mesmo. Ver sócios contra sócios. Tenho que lamentar tudo o que aconteceu e já tomámos todas as providências para que não se volte a repetir na próxima Assembleia Geral. Estão a decorrer dois inquéritos, um nosso e outro do Ministério Público, para se apurar os responsáveis daquilo que se passou. Agora resta aguardar calmamente”, começou por dizer.
"Não podia terminar com a assembleia. Dei a minha opinião e o presidente da mesa terminou-a"
Sobre as cenas de violência que acabaram por colocar um ponto final da assembleia, o líder dos dragões disse que o término da reunião magna não estava "nas suas mãos".
"Não sou segurança nem me compete. O que fiz foi pedir ao presidente do Conselho Fiscal para comunicar ao Presidente da Mesa da Assembleia Geral que na minha opinião devia terminar com a Assembleia Geral imediatamente. Não podia terminar com a reunião. Dei a minha opinião e ele terminou. O que eu podia contribuir para que tudo corresse bem, fi-lo, porque a primeira intervenção foi minha, para explicar que não tinha nada a ver com a Comissão de Estatutos, e assumi que ia votar contra casos que achava que podiam ser mais complicados", explicou.
"Fernando Madureira? Tenho boa relação com ele, admiro-o, porque se formou"
O Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol instaurou um processo a Fernando Madureira, líder da claque Super Dragões, que tem estado no centro do furacão. Pinto da Costa afirmou não estar preocupado com a ligação ao “Macaco”, revelando que tem uma boa relação com responsável pela principal claque portista.
“Não me preocupa nada, porque sou amigo de quem sou, sei com quem conto. Não tenho amizade especial com Fernando Madureira, não é meu parceiro de todos os dias. Tenho boa relação, admiro-o, porque se formou, fez o seu curso”, atirou.
As metas para o fim do ano, antes se pensar na recandidatura
O dirigente dos dragões não confirmou se se recandidata à presidência do clube e estabeleceu três metas até ao final do ano para o fazer.
A primeira é que o barulho de redes sociais não chegue à equipa de futebol e que ela esteja tranquila para atingir objetivos de toda a estratégia que passa por passar aos oitavos de final da Champions. A segunda é preocupação é que em dezembro, na estratégia traçada, possamos apresentar lucro e possamos ter capitais próprios positivos, mas está na estratégia. Se não forem positivos, perto de positivos. E em terceiro, a minha preocupação é que a nossa academia, já estão projetos feitos. Só estou preocupado com isso. Temos três metas, passar aos oitavos-de-final e depois ir o mais longe possível. Meter as máquinas no terreno e apresentar em dezembro capitais próprios positivos", explicou.
“Villas-Boas ofereceu-me um relógio com uma grande dedicatória”
Depois de ter orientado a equipa principal na temporada 2010/11, André Villas-Boas é um possível candidato à presidência do FC Porto na eleições do próximo ano. O líder azul e branco contou que desde que o técnico saiu do Dragão, poucos foram os encontros entre ambos, mas confidenciou que Villas-Boas lhe ofereceu um bonito relógio, que ainda guarda na sua coleção.
“Depois da sua passagem aqui, se falei com ele umas três vezes. Uma a entregar um Dragão de Ouro. Ele até me ofereceu um relógio, que é muito bonito. A última vez que o vi foi numa altura má, no funeral do Fernando Gomes. Daí para cá nunca mais o vi. Presumo que o intuito seja candidatar-se à presidência do FC Porto, tem todo o direito. Presumo que tenha quotas em dias. Mas não quero comentar. Mágoa não vou dizer. Fico admirado, agora mágoa é quando nos morre alguém querido. Fico surpreendido, mas não comento. Tem direito como qualquer sócio com quotas em dia”, atirou.
Naming do Dragão: “Ninguém ia aceitar Jorge Nuno Pinto da Costa Super…”
Questionado sobre uma possível entrada de investidores na SAD do clube e de uma marca para o naming do Estádio do Dragão, o dirigente portista revelou que estão em negociações para um acordo a médio prazo, brincando ao mesmo tempo um pouco com a situação.
"É uma realidade. Há 20 anos quiseram por meu nome no estádio, opus-me, disse que iria complicar negócio do naming no Estádio. Qualquer empresa aceita Dragão e nome de empresa e ninguém ia aceitar Jorge Nuno Pinto da Costa Super Bock. Estamos a partir da base de 5/6 milhões, é isso que estamos a negociar. Algo para médio prazo", justificou.
A bicada ao Benfica
Confrontado sobre as vendas que o clube fez no último verão e sobre um ajustamento da equipa, Jorge Nuno Pinto da Costa deu uma bicada ao rival Benfica, que encaixou uma grande quantia de dinheiro mas que não teve aproveitamento desportivo, nomeadamente na Liga dos Campeões.
“Já falamos que os 60 milhões de euros da venda de Otávio entram até dezembro. Se vendêssemos antes, as contas estavam equilibradas. Fizemos bem em vender por 60 milhões. O nosso objetivo também é desportivo. Os outros venderam jogadores, ganharam dinheiro, quantos pontos têm na Champions? Zero. Nós estamos a uma vitória de estar nos oitavos da Champions. Por isso não vendemos jogadores que nos quiseram comprar, vários… E não vendemos", referiu.
A renovação de Conceição: "Algum treinador vai renovar sem saber com quem vai trabalhar?"
Em relação à renovação de Sérgio Conceição, Pinto da Costa não confirmou o andamento das negociações, remetendo as eleições do próximo ano como a razão de ainda não ter avançado para o prolongamento do vinculo com o técnico de 49 anos.
"Acha que algum treinador de algum clube vai renovar contrato sem saber com quem vai trabalhar? Há uma coisa que não quero. Primeiro não estou em período eleitoral, nem entendo que a seis meses ou mais se possa estar. Não quero envolver nenhum profissional de futebol nesta matéria", concluiu.