“Um dia para a história do futebol” ou “uma péssima ideia”? Os entusiastas da Superliga Europeia celebram, enquanto os críticos lamentam uma decisão que dá luz verde à nova competição. Na manhã desta quinta-feira, o mundo do futebol acordou com a notícia que o Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE) considerou “ilegal” que a FIFA e a UEFA “proíbam clubes e atletas de participarem nas competições”.
As reações não tardaram a surgir de todos os lados, a começar pelos próprios organizadores da Superliga. O diretor executivo da A22 Sports Management diz que o futebol está “livre” do monopólio da UEFA.
"Conquistámos o direito a competir. O monopólio da UEFA acabou. O futebol está livre. Os clubes são, agora, livres da ameaça de sanções e livres para determinar os seus próprios futuros", afirmou o dirigente alemão".
A UEFA mostra-se confiante na legalidade das novas regras, mas considera que a "decisão do Tribunal Europeu não significa validação" da Superliga. Apesar de retirar poder de decisão aos organismos internacionais, o TJUE não aprovou, especificamente, o projeto da Superliga - até porque ainda não existe um formato em concreto.
Mais tarde, o presidente da UEFA viria a ironizar a nova competição.
E em Portugal?
O presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) manifesta “total discordância e repúdio” pela criação da Superliga.
"Acho que é uma péssima ideia para o futebol, pois viola todos os princípios do mérito desportivo", afirma Fernando Gomes, acrescentando que, a concretizar-se, prejudica "muito " o futebol.
Entre os clubes, Benfica e SC Braga foram dos primeiros a reagir. As águias dizem que “a Superliga continua a não ser uma prioridade ou alternativa”.
“O Sport Lisboa e Benfica esclarece, em face da decisão do Tribunal de Justiça da União Europeia, que a Superliga Europeia continua a não ser uma prioridade ou alternativa e que um crescente entendimento e forte cooperação entre a UEFA e a ECA são o modelo que melhor defende os valores, a tradição e os pergaminhos do futebol europeu”.
Já o clube do Minho considera que a decisão da justiça europeia não legitima a Superliga e assegura que continuará a colaborar com a associação de clubes para manter os valores que definem o futebol no continente.
"O Sporting de Braga reafirma o seu compromisso em colaborar, no plano da ECA e ao lado de centenas de outros clubes, para manter os valores que definem o futebol europeu. Essa garantia é, neste momento, assegurada pela parceria sólida que os clubes, via ECA, mantêm com a UEFA", refere o clube da I Liga portuguesa, em comunicado.
Depois, também o Sporting e o FC Porto emitiram uma opinião sobre o caso. Os leões, numa curta nota, afirmaram defender um modelo "democrático".
"O Sporting Clube de Portugal esclarece que defenderá sempre a existência de ligas domésticas e um modelo de competições europeias democrático, alicerçado em critérios de transparência e meritocracia".
Os dragões foram no mesmo sentido, recordando a importância do “mérito desportivo”.
"A decisão não poderá servir para desunir a família do futebol, mas sim para trabalharmos todos em conjunto para um futebol moderno, sustentável, respeitando a tradição europeia do acesso às competições ter apenas em consideração o mérito desportivo",
“Família do futebol europeu não quer a Superliga”
O Barcelona - um dos fundadores da Superliga Europeia- afirma que esta sentença do Tribunal Europeu abre a porta a uma nova competição de futebol de alto nível, enquanto o presidente do Real Madrid, Florentino Pérez, diz que "É um grande dia para a história do futebol".
Mais reticente está a Liga espanhola, que considera o projeto "um modelo egoísta e elitista" e exige "regras transparentes, e não discriminatórias". Já a associação Europeia de Adeptos diz que não há espaço para uma prova "separatista" na Europa.
O Atlético de Madrid considerou que "a família do futebol europeu não quer a Superliga", criticando a decisão do TJUE.
"A família do futebol europeu não quer a Superliga Europeia. Alemanha, França, Inglaterra, Itália, Espanha (com exceção de Real Madrid e FC Barcelona), etc., não querem a Superliga", lê-se no sítio oficial do emblema madrileno, que foi um dos fundadores da competição, em abril de 2021, mas que abandonou a ideia poucos dias depois.
A decisão do TJUE
O Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE) deu luz verde à criação da Superliga Europeia, esta quinta-feira, acusando a FIFA e a UEFA, que se opuseram à sua criação, de "abuso de poder".
Em causa estava um alegado abuso de poder por parte da UEFA em relação aos clubes fundadores da competição europeia Superliga.
Numa publicação no X, antigo Twitter, o tribunal sediado no Luxemburgo refere que as regras da FIFA e da UEFA sobre a aprovação de competições de futebol, como a Superliga, são contrárias à legislação da União Europeia.
Em comunicado, o TJUE sustenta que é “ilegal” as instituições sujeitarem qualquer competição à sua aprovação prévia e “proibir clubes e atletas de participarem nas competições”.