Da Polónia chega a notícia de que dois árbitros foram apanhados pelas autoridades locais em condutas desordeiras, pouco antes de exercerem funções oficiais como VAR e AVAR no Dínamo Kiev/Glasgow Rangers, jogo da terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões.
Alegadamente os internacionais Bartosz Frankowski e Tomasz Musial roubaram um sinal de trânsito (!), o que levou à sua detenção pouco depois.
Os dois acusaram taxas elevadas de álcool no sangue.
A confirmar-se, a situação não deixa de surpreender. Geralmente estamos habituados a ler este tipo de notícias em relação a jogadores conhecidos que, aqui e ali, não resistem a dar um saltinho proibido à discoteca ou a participar em festas... censuráveis.
De facto, o árbitro é uma figura à parte e tem que ter noção que essa posição pressupõe deveres especiais.
O homem, a pessoa, o próprio ser humano não podem permitir-se incorrer neste tipo de práticas, sob pena de danificarem a sua imagem e, bem mais grave, a imagem da própria arbitragem.
Caso estas alegações venham a provar-se verdadeiras, o mais provável é que ambos conheçam a mão pesada da UEFA, que nesta matéria nunca, nunca facilita. A própria federação polaca terá seguramente uma palavra a dizer.
É importante que se perceba que todas as pessoas têm o direito a divertirem-se e a passarem bons momentos. A liberdade é para todos e, mesmo que com excessos pontuais, a vida é para ser vivida e saboreada.
Mas (e há sempre um mas) é fundamental que se calibre o onde, o como e o quando.
O que terá acontecido não é normal, não era expectável e não beneficia ninguém. O tema virou até chacota pública, o que descredibiliza mais o setor do qualquer impropério ou insulto pós-jogo.
Há um tempo para tudo: para tomar copos com amigos, para sair com amigas, para estar onde e com quem se quiser. Mas em serviço, em funções oficiais, o comportamento deve ser discreto e, acima de tudo, profissional. Isso é ainda mais verdade antes da realização dos jogos para os quais estão nomeados (depois é sempre mais fácil descomprimir, sem a censura de terceiros).
Que a lição sirva para todos, em particular para os jovens árbitros. Alguns (poucos, é certo) ainda não perceberam a importância transcendente que a imagem tem na forma como são percecionados. A verdade é que, quando começam a exercer funções na arbitragem, o João, a Carla, o Francisco e a Diana deixam de ser o João, a Carla, o Francisco e a Diana. Aos olhos dos outros, são apenas "árbitros de futebol".
Tudo o que escrevam, digam ou façam, em qualquer momento, em qualquer dia, será visto sob esse prisma.
Inteligência emocional, maturidade e responsabilidade. Nunca é demais recordar.