Desporto

Júlio Ferreira revela maior mágoa da carreira após decidir abandonar o taekwondo

Depois de Rui Bragança, a maior referência da história do taekwondo português, se ter retirado em abril, Júlio Ferreira, campeão da Europa em 2016 e bronze em 2014, em -74 kg, entende que a modalidade vai passar por algumas complicações nos próximos ciclos olímpicos.

Júlio Ferreira, atleta de taekwondo do Sporting de Braga
Júlio Ferreira, atleta de taekwondo do Sporting de Braga
SC Braga

Júlio Ferreira terminou, aos 30 anos, uma bem-sucedida carreira no taekwondo, vingando na internacionalmente na modalidade após superar inúmeras dificuldades, mas com a mágoa maior de nunca ter competido em Jogos Olímpicos.

"Atravessámos muitas dificuldades praticamente durante toda a carreira. Nos melhores anos, com mais oportunidades para evoluirmos, acabámos no remedeio e a idade média para atingir o auge, o pico, física e psicologicamente, é pelos 23 a 24 anos. No fim deste ciclo, não ter conseguido o apuramento olímpico e a bolsa do Comité Olímpico de Portugal (COP) fica insustentável continuar atrás de um sonho", assumiu.

Em declarações à Lusa, revela-se eternamente "grato" ao COP, ao Sporting de Braga, à Universidade do Minho e à FADU - bem como aos treinadores Joaquim Peixoto e Pedro Campaniço -, contudo entende que o taekwondo português ainda se está a "reerguer" pelo que não pode persistir numa fase em que "a própria sustentabilidade pessoal" está em causa.

"Só com muito apoio e recursos poderia continuar", reconheceu.

Depois de Rui Bragança, a maior referência da história do taekwondo português, se ter retirado em abril, Júlio Ferreira, campeão da Europa em 2016 e bronze em 2014, em -74 kg, entende que a modalidade vai passar por algumas complicações nos próximos ciclos olímpicos.

O desportista recorda todas as dificuldades do taekwondo, que esteve vários anos sem apoios do Estado, que também contribuíram para que a geração seguinte a esta dourada não apresente a mesma qualidade.

"Era necessário que tivesse aprendido connosco e tivesse outras experiências. Neste momento, há esse 'gap'. Fizemos o que pudemos. Não deu para mais. Tão breve, duvido que haja atletas que cheguem ao nível em que nós estivemos", avisou.

O bracarense leva como maiores mágoas da carreira o ter falhado a qualificação para Jogos Olímpicos, sobretudo para Tóquio 2020, em que ficou a um combate do sonho, enquanto para Paris 2024 teve o azar de encontrar, na derradeira oportunidade, o campeão olímpico em -80 kg, o russo Maksim Khramtsov.

Quanto à memória mais feliz, destaca o bronze que conquistou nos I Jogos Europeus, em Baku 2015, onde sentiu que esse pódio foi "para todos", desde o seu staff aos elementos do COP.

"Senti que foi uma vitória para todos... passámos por diferentes emoções e, no fim, todos a chorarem comigo. Acho que é momento especial...", concluiu.

Principais conquistas do atleta

Na sua carreira, destaque ainda para as medalhas de bronze nas Universíadas Nápoles 2019 e nos Jogos do Mediterrâneo Tarragona 2018, bem como no Grand Prix de Roma 2018 e o ouro nos Jogos da Lusofonia Goa 2014.

Júlio Ferreira, que nunca esquecerá o nome dos seus colegas de treino, Joana Cunha, Rui Bragança, Mário Silva, Michel Fernandes, Nuno Costa e Renato Pereira, trabalha agora num escritório de arquitetura a fim de terminar o seu estágio para a Ordem.