A Federação de Desportos de Inverno de Portugal (FDIP) vai construir no Seixal o primeiro pavilhão de desportos de inverno no país, que o presidente federativo diz ser fundamental para desenvolver as modalidades e conseguir resultados.
O primeiro pavilhão para modalidades no gelo com dimensões olímpicas resulta de uma parceria com a Câmara Municipal do Seixal, no distrito de Setúbal, que cedeu o terreno e concedeu outras condições, como isenções de impostos.
O investimento, estimado em 10 milhões de euros, é da FDIP, que prevê ter a estrutura pronta até ao final de 2027 e equipada para a prática da patinagem de velocidade no gelo em pista curta, para a patinagem artística, para o hóquei no gelo e para o curling.
"Portugal passará a ser um país com uma infraestrutura disponível para que os nossos atletas possam treinar nas melhores condições. A partir do momento em que há condições para praticar uma modalidade com excelente nível, os resultados aparecem. E o investimento é feito com esse objetivo", realçou o presidente da FDIP, Pedro Flávio, em declarações à agência Lusa.
O dirigente federativo está confiante que a construção do pavilhão, uma ambição com alguns anos, "vai ser um ponto de viragem nas modalidades no gelo" e atrairá praticantes, o que vai contribuir para o desenvolvimento destes desportos no país.
"Vai ter um impacto significativo, com toda a certeza. É isso que nós ambicionamos e trabalhamos nesse sentido, porque a partir do momento em que existe uma infraestrutura para desenvolver estas modalidades, vão começar a aparecer outros clubes que não estão ligados aos desportos de inverno, vão começar a aparecer mais atletas, mais academias", antecipou Pedro Flávio, à Lusa.
O presidente adiantou que o trabalho de formação feito na pista de gelo das Penhas da Saúde, na Covilhã, onde a FDIP tem a sede, vai continuar a ser feito, nas academias em funcionamento na pista sem dimensões oficiais, mas que o futuro equipamento no Seixal pode potenciar também a patinagem de lazer e atrair novos desportistas.
"Penso que este pavilhão vai fazer com que os portugueses olhem para estas modalidades de outra forma", realçou Pedro Flávio.
"Para treinarmos ao mesmo nível que o fazemos fora do país"
Atualmente os atletas de patinagem em velocidade treinam na Holanda e Alemanha, os hoquistas fazem estágios em Madrid, onde há várias pistas, a única equipa portuguesa em competição joga na Liga Ibérica, em Espanha, e os atletas de patinagem artística que vivem no estrangeiro treinam nos locais onde se encontram e os da academia da serra da Estrela fazem deslocações a Madrid.
Quem atingiu um nível competitivo elevado, como acontece com alguns atletas da patinagem de velocidade, é imprescindível treinarem onde têm as condições ideais, o que implica muitas viagens e os custos associados.
"Embora haja um investimento grande na construção do pavilhão, a longo prazo será muito bom para a federação, porque vamos reduzir esses custos de viagens. Vamos conseguir estágios e treinos no nosso país", acentuou Pedro Flávio, confiante de que o futuro pavilhão em Portugal terá as características para atrair competições das federações internacionais e equipas estrangeiras.
Para os desportistas lusos, permite "treinar nas melhores condições possíveis, por mais tempo".
"Para treinarmos ao mesmo nível que o fazemos fora do país, precisávamos de uma infraestrutura desta natureza", vincou o presidente da FDIP.
Pedro Flávio adianta que, embora nos últimos Jogos Olímpicos de Inverno (JOI) Portugal tenha estado perto de qualificar um patinador e de nos últimos Jogos Olímpicos da Juventude tenham sido apurados quatro patinadores de velocidade, embora haja atletas a fazer esse trabalho, para os JOI o "nível é muito competitivo" e o investimento é a pensar em dar frutos num prazo mais alargado.
"Se calhar, 10 a 15 anos será o tempo que nós precisamos para termos atletas a nível Internacional a disputar lugares de destaque", enfatizou Pedro Flávio.
De acordo com o presidente da FDIP, o trabalho para financiar a obra está a ser feito desde há algum tempo junto de fundos de investimento, de investidores e da banca.
O protocolo de cedência do terreno foi assinado no sábado e o pavilhão vai ser também rentabilizado com outras valências, como lojas, uma clínica médica e restauração.
- Com Lusa