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Operação Pretoriano: reveladas mensagens escritas pelos arguidos em grupos de WhatsApp

Um dos agentes da PSP a cargo da investigação reproduziu em tribunal mensagens escritas pelos arguidos que circularam em grupos de WhatsApp antes, durante e após a Assembleia Geral Extraordinária de 13 de novembro de 2023.

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No julgamento da Operação Pretoriano, já foram ouvidos os três polícias responsáveis pela investigação. Descrevem um plano para criar clima de medo na Assembleia Geral do Futebol Clube do Porto e não têm dúvidas de que Fernando Madureira foi o promotor dos desacatos.

Um dos agentes da PSP a cargo da investigação reproduziu em tribunal mensagens escritas pelos arguidos que circularam em grupos de WhatsApp antes, durante e após a Assembleia Geral Extraordinária de 13 de novembro de 2023.

"Passem à frente na fila", disse Fernando Madureira.
"Não é para deixar ninguém filmar", respondeu Sandra Madureira.
"Merecem levar na boca, esses ingratos", acrescentou Carlos Nunes.
"Os AVB'S achavam que não valiam estouros. Somos os maiores", comentou, de novo, Fernando Madureira.

As mensagens, o comportamento dos arguidos e os vídeos captados são, para os três polícias ouvidos em tribunal, provas irrefutáveis de um plano orquestrado pelo clã Madureira para garantir a presença de elementos dos Super Dragões na assembleia geral, fossem ou não sócios do clube.

"Fernando Madureira direcionava quem e quando passavam nas filas. (..) Queriam permitir que entrassem não sócios, que entrassem pessoas da confiança deles na assembleia para que os estatutos fossem aprovados", disse um agente da PSP.

Os três elementos do órgão de polícia criminal não têm dúvidas: o objetivo era proteger a qualquer custo a direção do clube e os proveitos financeiros da claque.

"O senhor Fernando Madureira é o promotor dos factos ilícitos. (...) Nós tínhamos informadores dentro dos Super Dragões e temos", afirmou o subintendente da PSP.

O coordenador da investigação, primeiro polícia a ser ouvido em julgamento, fala mesmo num clima de intimidação criado pelos arguidos. Foi o próprio a batizar a investigação como "Operação Pretoriano", numa analogia à guarda pessoal dos imperadores romanos.

"Recolhemos várias provas, investigámos um conjunto alargado de indivíduos que contribuíram para um 'status quo' onde imperava o medo e ninguém se podia exprimir livremente. Através das imagens identificámos simples adeptos, membros do grupo organizado de adeptos e funcionários do clube. A operação policial que se desencadeou foi para repor o normal funcionamento das instituições no estado de direito democrático, nomeadamente no FC Porto, para restabelecer a democracia", explicou o subintendente da PSP.

Revela, ainda, que sentiu a liberdade limitada porque, coincidência ou não, quando investigava o caso, foi ameaçado por mensagem de que seria dissolvido em ácido, situação que motivou um reforço da proteção policial.

Face aos atrasos nos depoimentos dos últimos dias e ao elevado número de testemunhas do Ministério Público ainda por ouvir, foi necessário marcar uma sessão extra, que se junta às várias que já estão agendadas até maio.