O Tribunal Federal australiano, que legitimou a deportação de Novak Djokovic, defende a “racionalidade” da preocupação do Governo, ao considerar que a presença do tenista sérvio era um risco para a saúde pública, em acórdão divulgado esta quinta-feira.
“Não era irracional a preocupação do ministro de que o alegado apoio de alguns grupos antivacinação [contra a covid-19] à aparente posição do sr. Djokovic sobre a vacinação pudesse estimular concentrações e protestos e conduzir a uma maior transmissão comunitária” do vírus, assinala o Tribunal Federal.
O documento, de 106 páginas, fundamenta a decisão tomada no domingo por três juízes daquele tribunal superior, que confirmou o cancelamento do visto de entrada de Djokovic no país, impossibilitando o líder do ranking mundial de defender o título em Melbourne, numa prova que começou na segunda-feira.
Djokovic, de 34 anos, tinha recorrido pela segunda vez à justiça australiana, mas o Tribunal Federal confirmou a iniciativa do ministro da Imigração, de cancelar o visto do tenista sérvio, que não está vacinado contra a covid-19, alegando motivos de interesse público.
Deportação longe do consenso
A divulgação do acórdão surge um dia após a primeira-ministra sérvia, Ana Brnabic, ter considerado que a deportação de Djokovic da Austrália é “desprovida de sentido”, criticando o que considerou ter sido um comportamento errático das autoridades australianas.
O presidente sérvio, Aleksandar Vucic, reagiu logo no domingo, denunciando que o compatriota foi maltratado e vítima de uma “caça às bruxas” digna de um espetáculo “orwelliano”, considerando que quem saiu “humilhado” foi o Governo de Camberra.
O ministro da Imigração australiano cancelou o visto, alegando que a presença de Djokovic poderia constituir um risco para a saúde pública e “ser contraproducente para os esforços de vacinação de outros na Austrália”, no âmbito do combate à pandemia de covid-19.
Uma ordem de deportação inclui também, geralmente, uma proibição de três anos de entrar no país.
“Estou extremamente desapontado com a decisão do tribunal de indeferir o meu pedido de revisão judicial da decisão do ministro de cancelar o meu visto, o que significa que não posso ficar na Austrália e participar no Open”, lamentou, no domingo, o número um mundial.