Economia

Culturas da Lezíria Grande no valor de 36 ME "em risco" devido à seca

As culturas de tomate, arroz e milho da Lezíria Grande, num investimento de 36 milhões de euros, estarão "em risco" caso a seca se mantenha e não seja cumprido o acordo ibérico sobre os caudais do Tejo. 

O alerta foi feito à Agência Lusa pelo diretor executivo da Associação  dos Beneficiários da Lezíria Grande de Vila Franca de Xira, que representa  três centenas de agricultores, que se encontram a preparar as culturas da  primavera - quatro mil hectares de tomate, três mil de arroz e dois mil  de milho -, que serão lançadas à terra em abril. 

"Todo o investimento da campanha, 36 milhões de euros, estará em risco.  Teremos água em maio e junho, mas em julho, que é o mês crucial para as  culturas, porque estão na floração, não sabemos. Se não chover e se as autoridades portuguesas não fizerem cumprir o acordo ibérico e se Espanha não libertar os caudais estipulados, não teremos água boa (sem sal) no rio Tejo para  captar durante as marés. Será dramático", explicou Joaquim Madaleno. 

O responsável adiantou que, neste momento, corre no rio Tejo menos água  doce, com uma altura da lâmina de água inferior em cerca de 20 centímetros,  comparativamente com o ano passado.  

"O problema está na barragem de Alcântara (Espanha), que normalmente  costumava estar com uma quota de 60% e agora está com 48%, devido aos transvases  que estão a ser feitos na zona sul de Espanha. Num ano destes, já tinham  proibido a cultura de arroz em Sevilha, mas ainda não o fizeram", denunciou Joaquim Madaleno. 

A situação, insistiu, vai causar graves problemas aos produtores, pelo que é fundamental que as autoridades "estejam atentas e façam cumprir o  acordo" assinado por Portugal e Espanha.  

"Que os obrigue a largar os caudais suficientes para que a água doce não falte aqui. Em junho e julho, meses das marés mais pequenas, a cunha salina vai subir a níveis a que normalmente nunca sobe. E se a água tiver sal a mais, não serve para regar", sustentou o diretor. 

Joaquim Madaleno acrescentou que a seca fez com que as culturas de outono e inverno, como a ervilha e, essencialmente, o azevém, estejam completamente perdidas. 

"Temos estado a regar e não era suposto estarmos a fazê-lo. Uma coisa  é regar no verão, com temperaturas altas, outra coisa é regar no inverno,  com temperaturas geladas e onde as plantas não se desenvolvem". 

A Lezíria Grande de Vila Franca de Xira tem uma superfície de cerca  de 13.500 hectares, dos quais 12.500 são terreno agrícola útil, e estende-se  até Azambuja.  

Ao longo dos 63 quilómetros do dique de defesa estão colocadas 52 comportas. Seis delas são usadas para adução (retirada) de água do rio Tejo, duas vezes por dia, durante as marés, pelo sistema de gravidade, para alimentar as culturas.

Com Lusa