António Pedro, a pensar na filha e na mulher que vai ficar desempregada, foi à manifestação cultural para protestar "contra as injustiças": "A forma como estão a ser taxados os impostos às pessoas sem critérios, o trabalho precário, a desvalorização das pessoas, trocando as pessoas por números".
Com cortes nos rendimentos, que o fazem recuar quase ao tempo do "25 de abril", António Pedro defendeu ainda que "um país sem cultura provavelmente deixa de ter valores".
"Se calhar os nossos políticos deviam ter mais conhecimentos culturais", sugeriu.
Raquel Freire, realizadora precária, concordou que "um país sem cultura é um país escravo" e, como tal, a manifestação em Lisboa - e todas as que se realizaram no país - é um ato de democracia contra o "genocídio social" do atual Governo.
Questionada pela Lusa sobre os efeitos das medidas de austeridade na sua vida pessoal, a realizadora disse estar desempregada e sem rendimentos.
Nuno Duarte, músico e humorista que assina como Jel no coletivo Homens da Luta, afirmou à agência Lusa que o protesto de hoje é "muito simbólico": "Não é normal os artistas juntarem-se assim, sem cachês", e, além disso, os portugueses "estão a ganhar consciência de uma forma cívica e fora dos partidos e dos sindicatos".
"Há algumas coisas boas, pessoas a tomarem consciência, há solidariedade", disse o músico.
João Dinis, de Lisboa, foi à manifestação com a filha, em luta pelo futuro "que está comprometido", afirmou à Lusa.
"Somos diferentes dos gregos, dos espanhóis. Enquanto os gregos partem, nós manifestamo-nos com outra voz, a cultura dá voz ao povo e consegue-se ir mais longe", defendeu.
O protesto cultural de hoje em Lisboa deverá terminar pouco depois das 00:00 e entre as atuações contam-se as presenças dos Peste & Sida, Brigada Victor Jara, Camané com os Dead Combo, Deolinda e A Naifa.
Com Lusa