Jerónimo de Sousa falava aos jornalistas a meio da marcha contra o desemprego promovida pela CGTP-IN, que começou no passado dia 5 e que termina ao final da tarde com uma concentração à frente da Assembleia da República.
O secretário-geral do PCP referiu-se à crítica de que foi alvo pelo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, na sexta-feira, na Assembleia da República, segundo a qual a sua linguagem (assim como de outros dirigentes comunistas) de ataque ao Governo representava um incitamento à violência.
"Aquilo que Passos Coelho afirmou é uma demonstração de fraqueza e não de força. A sua manifestação de arrogância, procurando confundir violência com o direito constitucional à greve, à luta e ao protesto, tem nesta manifestação da CGTP um belo exemplo (para a desmentir), porque a CGTP está perfeitamente inserida no quadro constitucional", sustentou.
Depois, o líder dos comunistas fez um ataque ao Governo, dizendo que, em contraste, "quem está fora da Constituição é esta política e este Governo".
Interrogado pelos jornalistas sobre as reservas manifestadas pelo cardeal patriarca, D. José Policarpo, às manifestações e às ações de protesto no país, o secretário-geral do PCP declarou não querer entrar em polémica com a hierarquia da Igreja Católica.
"Não quero aqui criar qualquer conflito. Digo que os trabalhadores portugueses - e, entre eles, muitos católicos - estão aqui hoje em luta e estarão em outras lutas, porque têm razões fundas para considerar que também por via da luta é que lá vamos. Não quero nenhuma polémica, mas olhe-se para o mundo real e para o sentimento das pessoas, incluindo o de muitos milhares de católicos, para verificar que há razões para se lutar", respondeu.
Para o secretário-geral do PCP, "esta manifestação de combate ao desemprego é também uma acusação a uma política que está a atingir particularmente as novas gerações, mas também todos os trabalhadores".
"Ainda (na sexta-feira) saiu mais uma estatística (do IEFP) sobre o aumento permanente do desemprego. Nesse sentido, a CGTP fez bem em convocar os desempregados, os trabalhadores e todos aqueles que estão solidários com os desempregados", advogou.
Na perspetiva de Jerónimo de Sousa, a manifestação da CGTP "espelha o sentimento profundo de revolta, de injustiça e de discriminação com que este Governo está atingir os portugueses, sobretudo as novas gerações".
Confrontado com declarações do líder da UGT, João Proença, criticando a orientação política inerente às ações da CGTP, o secretário-geral do PCP deu a seguinte resposta: "Por muito que João Proença não queira, a verdade é que há muitos trabalhadores da UGT, e outros que não estão em nenhuma central sindical, que vão participar nesta luta da CGTP".
"Enfim, essas declarações (de João Proença), ficarão para quem as fez. Mas estou convicto que milhares de trabalhadores da UGT vão participar na greve geral convocada pela CGTP para o dia 14 de novembro", disse.
Lusa