Economia

Preços dos produtos agrícolas vão aumentar na próxima década

O preço dos produtos agrícolas e da carne deve aumentar na próxima década, devido ao abrandamento da produção conjugado com o aumento da procura e um ambiente macroeconómico favorável, segundo as 'Perspetivas Agrícolas 2013-2022' da OCDE e da FAO.

© Jose Manuel Ribeiro / Reuters

De acordo com o relatório, os preços da carne, peixe e biocombustíveis  devem subir mais do que os dos produtos agrícolas primários, devendo os  preços médios dos cereais, oleaginosas, açúcar e algodão manter-se relativamente  estáveis face aos dez anos anteriores, quando se bateram vários recordes  desde 2007. 

A inflação dos preços da alimentação deve aliviar, mas com os gastos  em comida a representar entre 20 a 50% dos orçamentos familiares em muitos  países em desenvolvimento, sendo que um valor acessível continua a ser uma  preocupação em termos de segurança alimentar. 

A produção agrícola mundial deve crescer 1,5% ao ano em média comparativamente  aos 2,1% da década anterior, refletindo o aumento dos custos, maiores condicionantes  aos recursos e as crescentes pressões ambientais, indica o documento hoje  apresentado, em Pequim, pelo secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, e pelo  Diretor-Geral da FAO, José Graziano da Silva. 

A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) e  a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura) preveem  também um abrandamento na expansão da produção agrícola a médio prazo, devido  à diminuição das áreas cultiváveis e da produtividade. 

Nos países em desenvolvimento antecipa-se um aumento da produção, sobretudo  nas economias emergentes que investiram nos seus setores agrícolas e em  tecnologias com potencial para alcançar os níveis de produtividade das economias  avançadas. 

O consumo vai também aumentar, mas de forma mais lenta, estimulado pelo  crescimento da população, aumento do rendimento disponível, urbanização  e alteração das dietas alimentares, prevendo-se uma expansão mais rápida  na Europa de Leste e Ásia central, seguindo-se a América latina e o resto  da Ásia. 

O crescimento do consumo de carne 'per capita' vai afrouxar à medida  que as economias em desenvolvimento atingem os níveis dos países mais avançados,  mantendo-se as aves como a escolha mais barata e popular, correspondente  a cerca de 50% do aumento do consumo de carne. 

A produção de leite vai aumentar a um ritmo mais lento na próxima década,  face aos elevados custos da alimentação para animais, competição das pastagens  com outros usos da terra e escassez de água. 

As quebras na produção, volatilidade dos preços e interrupções temporárias  das trocas comerciais continuam a ser uma ameaça à segurança alimentar mundial,  sublinha ainda o relatório.