Economia

Passos acusa Seguro de duvidar da sustentabilidade da dívida portuguesa

O primeiro-ministro acusou hoje o secretário-geral  do PS de ter posto em dúvida a sustentabilidade da dívida portuguesa caso  não seja criado um mecanismo europeu de mutualização de dívida, posição  que contestou. 

Primeiro-ministro, Passos Coelho (Lusa)
MANUEL DE ALMEIDA

Em causa estará a afirmação de António José Seguro de que "o país só  encontra solução estável para a dívida pública num contexto europeu", feita  no início de um debate de preparação da próxima reunião do Conselho Europeu,  na Assembleia da República. 

No final deste debate, Pedro Passos Coelho reiterou o entendimento de  que a mutualização de dívida exige um Tesouro europeu e implica alteração  de tratados, evolução que considerou defensável, e sugeriu um aprofundamento  destes temas entre o Governo e o PS. 

Antes, Passos Coelho acusou o secretário-geral do PS, António José Seguro,  de ter transmitido a ideia de que "não acreditava que fosse possível a Portugal  ter uma dinâmica de dívida sustentável sem um mecanismo de mutualização  de dívida à escala europeia", o que apontou como uma novidade. 

"Equivale a dizer que não seremos capazes de ter dívida sustentável,  a menos que a Europa, na prática, assuma uma parte dessa dívida, e isso  é novo, de facto", afirmou Passos Coelho, acrescentando: "Eu não acompanho  o senhor deputado". 

O primeiro-ministro contrapôs que o executivo PSD/CDS-PP "está empenhado  em garantir a sustentabilidade da divida, mesmo sem mutualização de riscos  como aquela que o senhor deputado aqui referiu: sem mutualização de dívida".

Segundo Passos Coelho, "claro que seria mais fácil para países como  Portugal ter outros países europeus a suportarem uma parte da sua dívida",  mas o país deve fazer o que está ao seu alcance "para manter uma dinâmica  de sustentabilidade, mesmo que isso não venha a acontecer". 

"É indispensável mostrar grande confiança na nossa capacidade para manter  uma dinâmica sustentável da dívida", defendeu. 

O primeiro-ministro ressalvou que a posição do PS a favor de um mecanismo  europeu de mutualização de dívida já era conhecida, mas observou que esta  matéria "não tem qualquer consideração no programa que o Partido Socialista  Europeu apresenta para as eleições europeias". 

Passos Coelho terminou com uma nota de disponibilidade para o consenso:  "Eu julgo que é importante que possa existir entre o Governo e o PS um aprofundamento  deste debate sobre o que pode vir a ser a nova configuração institucional  para futuro na Europa que possa conter um Tesouro europeu, e julgo que isso  poderia vir a ser favorável. Veremos depois que modalidades de mutualização  de dívida é que poderiam vir a ocorrer". 

 

Lusa