Economia

Alteração nos cortes salariais "não resolve o problema de fundo" do Orçamento, afirma CGTP

O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos,  disse hoje, em Coimbra, que a alteração do limite mínimo (675 euros) para  as reduções salariais "não resolve o problema de fundo" e que esta é "uma  situação inadmissível". 

MARIO CRUZ

O limite mínimo para as reduções salariais passa de 600 para 675 euros,  de acordo com a proposta de alteração ao Orçamento do Estado de 2014 (OE2014)  apresentada hoje, na Assembleia da República, pela maioria PSD/CDS-PP. 

A alteração "não resolve o problema de fundo", que "continua a estar  nos cortes a partir dos 675 euros para todos os salários e para as pensões  de reforma - isto é uma situação inadmissível", sustentou o líder da CGTP,  que falava aos jornalistas, ao final da tarde de hoje, à margem do IX Congresso  da União dos Sindicatos de Coimbra. 

"O ano passado estávamos confrontados com uma medida que se dizia que  era transitória (cortes salariais a partir de 1300 euros), agora os cortes  já foram alargados aos 675 euros", sublinhou. 

O aumento do limite mínimo para os cortes em 75 euros pode abranger  "alguns milhares de pessoas", reconhece, mas "a maioria vai continuar a  pagar", salienta o dirigente sindical. 

"O problema de fundo não é se  1/8o corte 3/8 começa em 600 euros, é outro:  é considerar-se que, em Portugal, neste momento, homens e mulheres que têm  salário de 675 euros ou pensões do mesmo valor são ricos" e serem "penalizados  de uma forma brutal", reduzindo os seus rendimentos e pondo "em causa o  funcionamento da própria economia", sustentou. 

Para o dirigente sindical, esta situação "é vergonhosa" e demonstra  que a crise não se resolve desta maneira. 

O Governo aumentou os impostos, alegando que, desse modo, resolveria  os problemas, mas "a sobretaxa do IRS de 3,5% mantém-se" e, como "já não  chega, vai  1/8cortar 3/8 aos salários", critica Arménio Carlos. 

Para 2015 já se prepara "o ataque que não será final, mas será semifinal,  às funções sociais do Estado: mais cortes na saúde, na educação e na segurança  social", alerta o secretário-geral da CGTP, afirmando que "isto não vai  parar a um sítio bom". 

O OE2014 "asfixia a economia, esmaga os rendimentos dos trabalhadores  e dos pensionistas, mas, acima de tudo, exime ao emprego e generaliza o  desemprego", afirma Arménio Carlos, considerando que "este Orçamento de  estado tem de ser rejeitado". 

 

     

Lusa