Economia

Jerónimo de Sousa diz que o Governo é "pau-mandado de grandes interesses"

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa,  acusou hoje o Governo de ser "um pau-mandado ao serviço de grandes interesses"  e de "castigar os mesmos do costume", sem pedir, simultaneamente, qualquer  "esforço suplementar aos poderosos". 

Tiago Petinga

"O governo, neste momento, é um pau-mandado que está ao serviço de grandes  interesses", disse, frisando que "a natureza" do Orçamento do Estado para  2014 (OE2014) "revela bem" essa situação. 

Por isso, o líder dos comunistas questionou qual o objetivo do "esforço  nacional" pedido aos portugueses pelo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho,  para concluir o programa de assistência financeira. 

"Nós continuamos a fazer comparações que não são comparáveis. Mais um  esforço, mais uma exigência sobre quem? Para quê? Porque esta é a questão  fundamental que se coloca", argumentou. 

O Governo está a exigir algum esforço suplementar aos poderosos, aos  grandes grupos económicos, ao setor financeiro? Está a pedir algum esforço?  Não", disse o secretário-geral do PCP. 

O líder comunista falava aos jornalistas em Évora, ao final da tarde  de hoje, depois de intervir na sessão pública do partido "Basta de roubos  e mentiras", realizada no Palácio D. Manuel. 

Passos Coelho apelou, no sábado, para que todos os portugueses se aliem  no esforço que o país está a fazer para concluir o programa de assistência  financeira, independentemente do seu partido político. 

Questionado sobre este tema, Jerónimo de Sousa retorquiu hoje que o  Governo, apesar de pedir esta aliança no esforço nacional para tirar o país  da crise, só aplica a austeridade "aos mesmos de sempre", de que é exemplo  o OE2014. 

"Todas as medidas que estão contidas no OE, aquilo que é estruturante",  passam por "penalizar, castigar os mesmos do costume", ou seja, "os trabalhadores,  reformados, desempregados, doentes", aqueles que "menos têm e menos podem",  aos quais são exigidos "mais sacrifícios". 

"É inaceitável pensar que este país recupera, que este país se desenvolve,  sacrificando aquilo que é a força motora de qualquer economia, os trabalhadores  e aqueles que trabalharam uma vida inteira", sublinhou. 

Esse não é mais do que "o caminho para o desastre", pelo que o apelo  do primeiro-ministro "é apenas mais uma tentativa para dar cobertura a esta  ofensiva tremenda que o OE2014 contém", criticou Jerónimo de Sousa. 

E Portugal, defendeu o líder do PCP, não tem nada que se comparar à  Irlanda: "Temos que olhar para a nossa vida" porque "a salvação nunca vem  de fora e o exemplo nunca vem de fora". 

Jerónimo de Sousa lembrou ainda que, depois de já terem sido "sacados  20 mil milhões de euros de austeridade sobre quem trabalha ou trabalhou  uma vida inteira", os problemas do país persistem. 

"Já vimos que não resolvemos nem o problema do défice, nem da dívida  ou do desemprego. Qual foi o resultado  1/8da austeridade 3/8? Agravamento, agravamento",  afirmou, contrapondo que, "se o resultado é este, há que provocar uma rotura  com este caminho" traçado pelo Governo. 

Lusa