Economia

Portugal deve sair do resgate com programa cautelar, considera "think tank" Bruegel

O "think tank" Bruegel considerou hoje que  é "imprudente" Portugal optar por uma "saída limpa" do atual resgate, defendendo  que o país deve recorrer a um programa cautelar na sua versão mais restrita,  a Linha de Crédito com Condições Reforçadas. 

© Jose Manuel Ribeiro / Reuters

Num relatório hoje publicado em que avalia os programas de assistência  financeira em curso na zona euro, os economistas do Bruegel, com sede em  Bruxelas, afirmam que "seria imprudente para Portugal, e para a zona euro,  sair do programa" este ano "sem ter uma assistência financeira cautelar  do Mecanismo Europeu de Estabilidade, via Linha de Crédito com Condições  Reforçadas". 

Para o Bruegel, um programa cautelar no pós-resgate é o que melhor  serve Portugal porque "a economia portuguesa vai continuar fraca e vulnerável  a potenciais choques nos próximos tempos". 

Os economistas reconhecem que, apesar da dívida elevada e do fraco  crescimento económico, os mercados continuam a ter uma boa visão em relação  a Portugal, o que é comprovado pelas emissões de dívida em 2013 (com emissões  de títulos a cinco anos com uma taxa de juro de 4,9%) e de janeiro deste  ano (a emissão a cinco anos registou uma taxa de 4,657% e a 10 anos ficou  com os juros abaixo dos 5,5%). 

O Bruegel explica este sentimento positivo do mercado com três fatores:  a melhoria da confiança dos mercados na zona euro, o grau mútuo de entendimento  e de cooperação entre Portugal, a 'troika' e os participantes de mercado  e a perceção que os mercados têm de que Portugal vai receber todo o apoio  necessário para sair do programa em maio de 2014, como previsto. 

O Mecanismo Europeu de Estabilidade prevê duas modalidades de programa  cautelar: a Linha de Crédito Preventiva Condicionada (PCCL) e a Linha de  Crédito com Condições Reforçadas (ECCL). No primeiro caso, é necessário  que os países cumpram uma série de condições (dívida pública sustentável,  respeito pelos compromissos ao abrigo do Procedimento dos Défices Excessivos,  acesso aos mercados de capitais em condições razoáveis, posição externa  sustentável e ausência de problemas de solvência bancária que ameacem a  estabilidade do sistema financeiro). 

Já no caso da Linha de Crédito com Condições Reforçadas, este apoio  pode ser pedido por qualquer país da zona euro cuja situação económica e  financeira permaneça sólida no geral, mas que não cumpra alguns dos critérios  de elegibilidade. Neste caso, o país beneficiário fica obrigado a adotar  medidas corretivas para dirimir estas fraquezas e evitar problemas futuros  no acesso ao mercado.    Simultaneamente, o país em causa tem de garantir  o cumprimento dos requisitos que tenham sido considerados alcançados no  momento em que a linha de crédito foi aprovada. 

Os técnicos do Bruegel consideram que, "apesar de Portugal poder cumprir  alguns destes critérios [da PCCL] na altura em que planear sair do programa  da 'troika' em maio de 2014, é improvável que consiga cumprir todos e, por  isso, ser elegível para a PCCL". 

Assim, defendem que "se decidir recorrer a uma assistência financeira  cautelar seria necessário pedir uma ECCL, que elegibilidade exige apenas  que a situação económica e financeira do país permaneça robusta". 

 

Lusa