Economia

União Europeia deve fazer mais para combater desigualdades

O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, disse  hoje, em Berlim, que Portugal tem feito grandes esforços e continuará a  manter a disciplina orçamental, mas defendeu que a União Europeia também  deve fazer mais para combater as desigualdades. 

(EPA/ Arquivo)
Maurizio Gambarini

Intervindo numa conferência organizada pelo jornal Die Welt, Passos  Coelho defendeu que Portugal já fez muito, depois de "um caminho muito difícil,  iniciado em 2011", e garantiu que, "nesta nova fase", o país continuará  concentrado na "disciplina orçamental, em reconquistar competitividade,  em reduzir a dívida e no crescimento económico", mas salientou que a Europa  também precisa de fazer mais, e mais rapidamente. 

"A verdade é que as assimetrias e as desigualdades entre os países aumentaram  nos últimos anos, especialmente dentro da zona euro. E não haverá uma União  harmoniosa se o centro da Europa continuar a crescer enquanto a periferia  estagna ou enfraquece mesmo", disse. 

Passos Coelho disse que o problema não é uns países ficarem mais fortes  e terem sucesso económico, mas sim não haver igualdade de oportunidades  entre os países. 

"Em parte, tal é resultado de irresponsabilidades no passado a nível  nacional. Isso é inquestionável. Mas a Europa no passado, por distração  ou por negligência, também é parte dessa irresponsabilidade", e "deve aprender  com os erros cometidos". 

Nesse sentido, o primeiro-ministro voltou a defender a necessidade de  se avançar decisivamente, e rapidamente, no sentido de uma verdadeira união  bancária, uma ideia que já expressara durante a conferência de imprensa  conjunta com a chanceler alemã, horas antes, após um almoço de trabalho  com Angela Merkel. 

Apontando que "os cidadãos e as empresas do sul da Europa sofreram com  a fragmentação financeira" de um modo particular, Passos Coelho sustentou  que a mesma também compromete um dos maiores feitos da Europa, o mercado  único, cujo propósito inicial era precisamente criar um espaço comum económico  sem discriminações geográficas", o que não se verifica atualmente. 

"Grandes diferenças no acesso ao crédito e ao custo do crédito colocaram  as empresas numa situação de desvantagem competitiva relativamente aos seus  parceiros europeus, simplesmente porque acontece que estão do lado errado  da fronteira. Isto é inaceitável", disse. 

Apesar das críticas, Passos Coelho, no início da sua intervenção, reconheceu  que já foram feitos avanços consideráveis na Europa ao longo dos últimos  anos, e, lembrando a sua anterior visita a Berlim, em janeiro de 2012, disse  que "muito mudou na Europa, na Alemanha e em Portugal desde então". 

"Outras coisas permaneceram iguais: a chanceler Merkel e eu continuamos  chefes de governo, e a Alemanha e Portugal vão voltar a defrontar-se num  Mundial, e esperemos que desta vez ambas as equipas possam seguir em frente",  disse, referindo-se ao facto de as duas seleções disputarem o mesmo grupo  no Campeonato do Mundo do Brasil, em junho próximo.  

Na conferência do Die Welt participam também, entre outros, o presidente  do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, e o ministro espanhol da Indústria,  Juan Manuel Soria, perante uma plateia de empresários e políticos alemães.


Lusa