Economia

Passos Coelho diz que encontro com Merkel foi "ato de grande soberania"

O primeiro-ministro recusou hoje que o seu encontro  de terça-feira com Angela Merkel seja um "ato de submissão", considerando  que a realização de encontros bilaterais com outros chefes de Governo é  "um ato de grande soberania". 

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© Tobias Schwarz / Reuters

"Não só não é nenhum ato de submissão, como é um ato de grande soberania  poder realizar encontros bilaterais com outros chefes de Governo que respeitamos  no âmbito da União Europeia. Fi-lo em Berlim, como faço em qualquer outro  país da União Europeia", afirmou o primeiro-ministro, durante um debate  no parlamento com o Governo sobre o Conselho Europeu.  

Explicando que aproveitou a visita a Berlim, realizada no âmbito de  um convite do jornal alemão "Die Welt" para participar numa conferência,  para "trocar impressões" com a sua "colega chefe de Governo chanceler Angela  Merkel", Passos Coelho aproveitou para deixar um agradecimento pela forma  como os parceiros europeus têm cooperado com Portugal ultrapassar as dificuldades. "Têm sido uma cooperação essencial", sublinhou. 

Passos Coelho, que falava na Assembleia da República no encerramento  do debate preparatório do Conselho Europeu, que decorre quinta e sexta-feira,  aproveitou ainda para se dirigir ao secretário-geral do PS, acusando António  José Seguro de oferecer "zero de expetativa positiva e de esperança ao povo  português". "Diz que nós sozinhos não vamos lá, mas a Europa também não nos resolverá  o nosso problema", criticou, ironizando que se não fosse primeiro-ministro  e tivesse acesso a tanta informação "ficaria assustado com essa visão de  quem se propõe dirigir o país no futuro". 

Antes, durante a intervenção da bancada do PSD, o líder do grupo parlamentar,  Luís Montenegro, voltou a falar sobre a importância do PS estabelecer compromissos  políticos. "O compromisso do PS com as orientações estratégicas principais do país  nos próximos anos é um bom sinal para os mercados", frisou. 

Pela bancada do CDS-PP, o deputado Ribeiro e Castro centrou-se na questão  da Ucrânia, que classificou como uma "crise grave e muito perigosa". 

Defendendo que não se deve contribuir para uma "escalada" dos problemas,  o deputado democrata-cristão fez votos para que se consiga alcançar "uma  saída limpa para a embrulhada que se armou na fronteira leste da União Europeia"  e que classificou como "o mais estrondoso fracasso da política de vizinhança  da União Europeia e o mais intenso desafio com que está confrontada". 

"Não queremos confrontação com a Rússia, mas é indispensável que a Rússia  não queira confrontação com o resto da Europa e que perceba que vivemos  no século XXI e não no século XIX ou no século XX", acrescentou. 

Na sua intervenção, Ribeiro e Castro, que já desempenhou o cargo de  eurodeputado, confessou ainda ter algumas saudades das décadas em que se  lamentava que a Europa era um "gigante económico e um anão político". 

"Hoje somos um grandalhão económico, um pouco desajeitado, temerosos  do nosso desígnio, e politicamente demasiadas vezes em desconchave", acrescentou,  fazendo votos para que o Conselho Europeu e o tempo que decorre até às eleições  europeias possam representar "mais uma oportunidade para fazer renascer  o tempo europeu". 

 

     

 

Lusa