Economia

Associação de Reformados diz que corte definitivo nas pensões "não vai avançar"

A presidente da Associação de Pensionistas e Reformados (APRE!), Maria do Rosário Gama, disse hoje à agência Lusa não acreditar que a Contribuição Extraordinária de Solidariedade (CES) se torne definitiva, tal como pretende o Governo.

MANUEL DE ALMEIDA

"Nós queremos acreditar que os cortes não vão ser tornados definitivos,  porque a decisão do Tribunal Constitucional (TC) de ter deixado passar a  CES foi exatamente por ter caráter extraordinário e, portanto, nós acreditamos  que não vai ser aplicada com efeito retroativo", disse Maria do Rosário  Gama. 

O Governo está a avaliar a possibilidade de aplicar a CES de forma permanente,  devendo o impacto da medida ser quantificado no Documento de Estratégia  Orçamental (DEO) em abril, revelou fonte do Ministério das Finanças. 

"A CES é um processo relativamente estreito, direto. A nossa ideia é  que esse mecanismo não seja visto como um corte, mas como um ajustamento  da evolução dos fatores subjacentes, como a evolução da economia e a dimensão  demográfica", afirmou na quarta-feira uma fonte oficial do Ministério das  Finanças, num encontro informal com jornalistas. 

Em declarações hoje à agência Lusa a presidente da APRE! disse que a  associação vai ficar a aguardar serenamente, porque a medida "é inconstitucional".

"O que se tem visto até agora são reformas que se baseiam exclusivamente  em cortes", disse Maria do Rosário Gama. "Não há reformas estruturais e  os cortes são retroativos", acrescentou. 

A presidente da APRE! salientou que a CES, tal como o nome indica, tem  caráter extraordinário, portanto temporário. 

"Temos ações em tribunal contra esta medida que entregámos em abril  do ano passado e providências cautelares que entregámos em fevereiro. É  o que estamos a fazer contra a CES, não podemos fazer mais nada", declarou.

A eventual aplicação desta medida em definitivo insere-se numa "mudança  mais profunda" do sistema de segurança social mas que, segundo a mesma fonte  do Governo, "não deverá estar concluída em 2015". 

A nova CES, que passa a aplicar-se a pensões acima de 1.000 euros, foi  publicada a 14 de março em Diário da República, no primeiro Orçamento Retificativo  do ano, mas só se aplica às pensões referentes a abril. 

A reformulação da CES incluída pelo Governo na proposta de Orçamento  Retificativo para 2014, apresentada a 09 de janeiro, determina que seja  cobrada uma taxa de 3,5% sobre a totalidade das pensões a partir dos 1.000  euros e até aos 1.800 euros, e não a partir dos 1.350 euros como definido  no Orçamento do Estado para 2014. 

O regime estabelece ainda uma norma que assegura que, nos casos em que  após o pagamento da CES os pensionistas fiquem com um valor mensal inferior  a 1.000 euros, "o valor da CES devida é apenas o necessário para assegurar  a perceção do referido valor", ou seja, há uma norma que garanta que os  pensionistas que pagam CES não fiquem com uma pensão inferior a 1.000 euros.