Economia

Défice orçamental de 2013 deverá atingir no máximo 5%, estimam analistas

O défice orçamental de 2013, em contas nacionais, deverá ter ficado entre 4,9% e 5% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo a estimativa dos analistas contactados pela Lusa.

A ministra das Finanças remeteu o pacote de medidas substitutivas dos recentes chumbos do Tribunal Constitucional para depois do anúncio da decisão sobre o Orçamento Retificativo (Lusa/Arquivo)
MÁRIO CRUZ

O INE revela na segunda-feira o valor do défice orçamental em 2013 na  ótica que conta para Bruxelas e entre as previsões recolhidas pela Lusa,  a previsão mais otimista é a do BBVA, que sublinha que "a consolidação orçamental  em 2013 foi melhor do que a esperada", devendo o défice atingir 4,9% do  PIB, ou 4,5%, excluindo a recapitalização do Banif que equivale a 0,4% do  produto. 

"Este bom desempenho deveu-se principalmente à obtenção de maiores receitas  fiscais (crescimento de 13,1%), muito acima do aumento previsto (8,9%) e  explicado em parte pelo aumento das receitas provenientes do Imposto sobre  o Rendimento de Pessoas Singulares (IRS), pela melhoria do mercado laboral  e pela recuperação da atividade económica a que se assiste desde o segundo  trimestre", justificam os economistas do BBVA. 

Na proposta de Orçamento do Estado para 2014, a previsão do Governo  apontava para um défice orçamental em 2013 de 5,9% do PIB. 

Em janeiro, a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, afirmou  no parlamento que, excluindo todos os efeitos extraordinários, o défice  orçamental em 2013 será de 5,2%, o que representa uma diferença de 0,6 pontos  percentuais face a 2012: "Expurgados todos os efeitos extraordinários em  2012 e 2013, tivemos um défice em 2012 de 5,8% e em 2013 de 5,2%. Expurgados  todos os efeitos extraordinários, temos, portanto, uma diferença de 0,6  pontos", afirmou a governante. 

Já a economista do BPI Paula Carvalho adiantou à Lusa que a estimativa  do banco aponta para que o défice orçamental, em contabilidade nacional,  "se tenha situado em torno dos 5% do PIB", um desempenho justificado "de  forma significativa" pela evolução das receitas fiscais e pelo resultado  do programa de regularização de dívidas à Autoridade Tributária e Aduaneira,  no final do ano passado. 

No entanto, Paula Carvalho nota que "uma parte desta 'performance' melhor  do que a esperada ficou a dever-se a receitas pontuais, que não vão repetir-se  em 2014". 

A Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) estimou já que o défice  das administrações públicas em contabilidade nacional deverá ficar nos 5%  do PIB em 2013. 

De acordo com as estimativas da UTAO, o défice das administrações públicas  deverá ter-se situado entre 4,8% e os 5,2% do PIB, sendo o valor central  da projeção é de 5%. 

Já o Conselho de Finanças Públicas (CFP) considerou que o défice orçamental  pode ficar abaixo dos 5,9% do PIB, sublinhando que "os desenvolvimentos  orçamentais até ao final do terceiro trimestre, quer do lado da receita,  quer do lado da despesa, permitem admitir que o défice das administrações  públicas ficará abaixo da estimativa mais recente do Ministério das Finanças".

Para este resultado em muito contribui a receita com impostos, que -  segundo o CFP - teve em termos ajustados até setembro "uma taxa de crescimento  homólogo quase duas vezes superior à da despesa". 

O valor final de défice com que Portugal se comprometeu com a 'troika'  -- composta pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), Comissão Europeia  e Banco Central Europeu (BCE) - foi de 5,5% para o conjunto de 2013, tendo  o Governo garantido que o objetivo vai ser cumprido. 

O Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC) prevê que seja desencadeado  um Procedimento dos Défices Excessivos quando um Estado-Membro não cumpre  uma ou as duas regras definidas no Tratado Orçamental: que o défice orçamental  não exceda os 3% do PIB e que a dívida pública não ultrapasse os 60% do  PIB. 

Portugal foi colocado no Procedimento dos Défices Excessivos em dezembro  de 2009 e ficou definido que teria até 2015 para cumprir o limite do défice.  No Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF), cujas metas já  foram entretanto revistas, o Governo comprometeu-se com um défice de 2,5%  em 2015.