Economia

Jerónimo de Sousa diz que "Ideia de pós-troika é apenas uma frase publicitária"

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa,  disse hoje, em Coimbra que a "ideia de pós-troika é apenas uma frase publicitária",  pois "a política de austeridade" vai continuar. 

Sergio Azenha

"Essa ideia de pós-troika é apenas uma frase publicitária porque, como  sabemos", as atuais "políticas vão continuar" e, portanto, "não há fim nenhum  - isto só terá fim com o fim deste Governo, portanto, com uma política  diferente", sustentou o líder comunista. 

"Aliás o próprio FMI  (Fundo Monetário Internacional) e a União Europeia"  já disseram que "é preciso continuar o rigor, é preciso continuar a alterar  a legislação laboral, é preciso continuar a política de austeridade e, nesse  sentido, não há fim nenhum", afirmou Jerónimo de Sousa, que falava aos jornalistas,  em Coimbra, ao final da tarde de hoje, à margem de uma ação de "contacto  com a população e comerciantes" da Baixa da cidade. 

A 12. avaliação da troika, "ao contrário do que o senhor ministro  Paulo Portas" afirma não é "o fim do protetorado", defendeu. 

Para Jerónimo de Sousa, Portugal não terá uma "saída sem rede" do programa  de assistência económica e financeira. 

"Chamem-lhe  (saída) cautelar, limpa ou à irlandesa, chamem-lhe o que  quiserem", disse Jerónimo de Sousa, frisando que "o próprio tratado orçamental  a que o PS, o PSD e o CDS vincularam o nosso país comporta em si mesmo a  alienação de parcelas da nossa soberania, designadamente no plano económico  e no plano social". 

No essencial, "a política económica e a política social" vão continuar,  "como, aliás, está referido no documento de estratégia orçamental (DEO)",  no qual "está claramente aquilo que aparentemente era provisório, temporário,  e para este Governo passou a definitivo", em relação às reformas, às pensões,  aos cortes salariais e "ao que mais se verá". 

"Nós temos uma profunda inquietação" também relativamente à "questão  dos serviços públicos, no plano da educação, no plano da saúde", que serão  sujeitos a uma "brutalidade de cortes", que o Governo "por enquanto ainda  não especifica", nem diz "onde vão ser aplicados", frisou o secretário-geral  do PCP. 

"Sabemos que vem aí mais pancada" e "é nesse sentido que consideramos  que isso de período pós-troika não existe", sublinhou. 

Ao fim destes três anos de presença da 'troika' em Portugal, "é evidente  que alguém teve sucesso: o capital financeiro e os grandes grupos económicos",  salientou Jerónimo de Sousa, considerando que durante este período foi praticada  uma "política de terra queimada", que fez com que o país esteja "mais empobrecido,  com mais exploração e com mais injustiça". 

Portugal continua a ter "uma dívida insustentável e impagável", não  "venham apresentar isso como um sucesso", apelou Jerónimo de Sousa. 

O secretário-geral do PCP participa esta noite num jantar/comício em  Soure. 

Lusa