Economia

CGTP apela à OIT para que pressione Portugal a cumprir convenção sobre emprego

A CGTP vai pedir quinta-feira à Organização  Internacional do Trabalho (OIT) que atue junto do Governo português para  que seja cumprida a Convenção 122, que prevê que os países desenvolvam políticas  económicas que promovam o crescimento e o emprego.  

Lusa
© Jose Manuel Ribeiro / Reuters

"Portugal ratificou a Convenção 122 da OIT, mas não está a cumpri-la",  diz a central sindical num texto a que a agência Lusa teve acesso, que será  apresentado em Genebra por Ana Pires, do Conselho Nacional da Intersindical,  numa reunião de avaliação da aplicação da Convenção 122, subscrita por Portugal.

De acordo com o art. 1. da Convenção, os estados subscritores deverão  desenvolver políticas económicas que estimulem o crescimento e o desenvolvimento  económico, com vista à elevação dos níveis de vida dos trabalhadores, resolver  os problemas de emprego e do subemprego e atingir o pleno emprego, produtivo  e livremente escolhido. 

"Em Portugal, a aplicação da Convenção é não só uma obrigação institucional,  como é uma necessidade para que o país supere a crise e resolva os seus  problemas de emprego", defende o documento da central sindical. 

Por isso, a CGTP-IN "apela à OIT para que, no quadro das suas competências  em matéria de verificação de aplicação das Convenções desenvolva, junto  do Governo Português, as ações adequadas a promover políticas geradoras  de emprego". 

Para a CGTP, os objetivos fixados pela Convenção da OIT "opõem-se às  políticas recessivas impostas pela 'troika' -- FMI, EU e BCE -- e aplicadas  pelo Governo Português, assentes em cortes salariais e de pensões de reforma,  na pressão para a redução dos salários por via da precarização das relações  de trabalho com a consequente quebra da atividade económica, redução do  poder de compra e do mercado interno e um aumento desmesurado do desemprego".

A central sindical salienta no texto que, no período de intervenção  da 'troika' (2011 -- 2014), o país empobreceu, o PIB baixou para níveis  de 2000, o desemprego cresceu para níveis nunca antes verificados (de 10,8%  em 2010 para 15,1% no 1 trimestre de 2014) e a destruição de postos de  trabalho ascendeu a 469 milhares entre 2010 e 2013. 

"O aumento do desemprego está a ser desastroso para o país levando muitos  portugueses a emigrar. Entre 2011 e 2013 terão saído do país 300 mil portugueses,  a maioria jovens e muitos com altas qualificações", refere o texto da CGTP,  que responsabiliza as políticas do Governo pela situação. 

A Inter lembra ainda que a legislação do trabalho "foi alterada em resposta  às reivindicações patronais" e que o salário mínimo nacional, de 485 euros,  "continua a não ser actualizado desde 2010, desrespeitando o acordo assinado  entre os Governo, confederações sindicais e confederações patronais em 2006".

 

Lusa