Economia

Portugal acordou com Comissão Europeia financiamento de mil milhões de euros para a ciência

O ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, anunciou hoje, no Parlamento, que o Estado português acordou com a Comissão Europeia um financiamento com fundos estruturais de mil milhões de euros até 2020, para a ciência.

Com o acordo de parceria 2014/2020, alcançado entre Portugal e a Comissão  Europeia, após "negociações intensas e, por vezes, muito difíceis", o Governo  pretende assegurar o financiamento da ciência fundamental, mas também a "competitividade científica internacional e a excelência" das unidades de  investigação e desenvolvimento e a "transferência de conhecimento" para  as empresas.
© Mike Brown / Reuters

"Este montante é quase o dobro do negociado inicialmente em 2007 para o período de 2007-2013", lê-se num comunicado do Ministério da Educação e Ciência (MEC). 

O anúncio feito pelo ministro Nuno Crato verificou-se no decorrer da  sua audição na comissão parlamentar de Educação, Ciência e Cultura, onde  a sua presença foi exigida por requerimento potestativo do Bloco de Esquerda,  para discutir a marcação e realização da Prova de Avaliação de Capacidades  e Conhecimentos (PACC), na passada terça-feira.

O documento do MEC refere que o Estado português partiu para as negociações com a Comissão Europeia com o objetivo de, pelo menos, manter o financiamento  para o próximo quadro comunitário de apoios.

"Portugal não só cumpriu esse desígnio como o superou, o que traduz  a aposta do Governo na investigação e inovação como motor de desenvolvimento  social e económico", sublinhou a tutela. 

Com o acordo de parceria 2014/2020, alcançado entre Portugal e a Comissão  Europeia, após "negociações intensas e, por vezes, muito difíceis", o Governo  pretende assegurar o financiamento da ciência fundamental, mas também a "competitividade científica internacional e a excelência" das unidades de  investigação e desenvolvimento e a "transferência de conhecimento" para  as empresas. 

Segundo a nota do ministério, os fundos visam apoiar o "empreendedorismo de base tecnológica" e a inserção de pessoal "altamente qualificado" nas  empresas, "para aumentar o investimento empresarial em atividades de investigação  e desenvolvimento", e financiar áreas científicas e tecnológicas consolidadas  ou emergentes, "identificadas nas Estratégias de Investigação e Inovação  para uma Especialização Inteligente" nacional e regional. 

O acordo prevê que pelo menos dois terços dos montantes destinados à formação doutoral sejam "alinhados com as estratégias nacionais e regionais"  de Investigação e Inovação ou com "outras prioridades políticas nacionais".

Os programas de formação pós-doutoral devem ser criados para "promover a transição para o mercado de trabalho", em empresas, unidades de investigação  ou universidades e institutos politécnicos. 

O Ministério da Educação lembra que, em Portugal, apenas três por cento dos doutorados trabalham em empresas. 

O mesmo acordo incentiva, igualmente, de acordo com a tutela, a mobilidade de investigadores nas instituições. 

"O número de doutorandos e pós-doutorandos provenientes ou formados nas próprias instituições não poderá exceder 1/3 do total dos doutorandos  e pós-doutorandos admitidos a esses programas, devendo, igualmente, os concursos  respeitar plenamente regras de mérito e não-discriminação", refere o acordo,  citado no comunicado do ministério. 

Justificando as dificuldades nas negociações, o MEC refere que os serviços  da Comissão Europeia "eram fortemente críticos do modelo de financiamento  da ciência vigente em Portugal nos anteriores programas-quadro", apontando  "o reduzido impacto da ciência e desenvolvimento tecnológico na competitividade  económica do país e na melhoria da especialização produtiva das empresas".

A nota do ministério assinala que alguns serviços da Comissão Europeia  "insistiram fortemente na necessidade de subordinar quase todo o investimento  na ciência a objetivos económicos, de forma a que o financiamento científico  fosse quase exclusivamente feito com base em projetos de desenvolvimento  empresarial". 

O anúncio do acordo realizou-se no mesmo dia em que o Bloco de Esquerda  promoveu, no parlamento, uma audição pública sobre os centros de investigação  em Portugal, na qual participaram representantes de diferentes centros científicos  nacionais.

Lusa