Economia

PT admite não vir a receber pagamento da Rioforte, impacto será significativo

A Portugal Telecom (PT) admite não conseguir obter o pagamento dos  quase 900 milhões de euros que a Rioforte, do Grupo Espírito Santo (GES),  deve à empresa e alerta que isso terá impacto significativo na "situação  financeira e liquidez" da operadora. 

(Arquivo Reuters)
© Jose Manuel Ribeiro / Reuters

Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM),  no âmbito da proposta do conselho de administração para a assembleia geral  de 08 de setembro, a PT lembra que "a Rioforte não reembolsou os instrumentos  Rioforte que a Portugal Telecom irá adquirir no âmbito da permuta (com a  Oi)" e admite que "é possível" que a operadora "não consiga obter o pagamento  de quaisquer dos montantes pendentes em virtude desses instrumentos". 

No âmbito dos contratos definitivos que a PT poderá celebrar com a brasileira  Oi, relativos à permuta e opção de compra, no sentido de permitir a combinação  de negócios, "está previsto que a PT adquira, em contrapartida da alienação  das ações objeto da opção de compra, os instrumentos Rioforte". 

O primeiro vencimento dos instrumentos Rioforte aconteceu a 15 de julho,  no montante de 847 milhões de euros, e em 17 de julho venceu o remanescente  de 50 milhões de euros, mas "a Rioforte não reembolsou esses instrumentos"  na data prevista, pelo que "se encontra numa situação de incumprimento.

A 22 de julho, a Rioforte pediu o regime de proteção contra os credores,  ou de gestão controlada, no Luxemburgo, a qual foi aceite a 29 de julho.

"Apesar de, na sequência da permuta, a PT ter a intenção de desencadear,  contra a Rioforte e partes relevantes relacionadas, em toda a extensão permitida  por lei, as vias legais e processuais ao seu dispor com vista a obter o  reembolso dos instrumentos Rioforte, incluindo no âmbito de qualquer reestruturação  da dívida da Rioforte proposta no processo de gestão controlada nos termos  da lei do Luxemburgo, é possível que a PT não consiga obter o pagamento  de quaisquer dos montantes pendentes em virtude desses instrumentos", refere.

A operadora adianta que os instrumentos Rioforte a deter pela PT "não  estão garantidos por ativos", por isso, "mesmo que viessem a existir montantes  disponíveis para reembolso dos credores da Rioforte, no âmbito de uma reestruturação  da sua dívida, o direito de reembolso" da operadora "seria partilhado 'pro  rata'  1/8proporcionalmente 3/8 com os outros credores da Rioforte e somente após  o reembolso da totalidade das dívidas aos credores garantidos". 

A PT aponta que um dos ativos da Rioforte, que é a posição no antigo  BES, detida através da participada ESFG, "perdeu significativamente o seu  valor, como consequência da iniciativa do Banco de Portugal em criar o Novo  Banco". 

Por isso, os instrumentos Rioforte que a PT vai comprar através da celebração  dos contratos definitivos propostos à assembleia geral "poderá acabar por  não ter qualquer valor" e, "além disso, se não for possível obter o reembolso  de quaisquer dos montantes pendentes" a empresa "poderá não ter disponibilidades  de caixa para o exercício da opção de compra". 

Ou seja, "o não reembolso da totalidade dos montantes pendentes em virtude  dos instrumentos Rioforte (897 milhões de euros) afetará de forma adversa  e significativa a situação financeira e a liquidez da Portugal Telecom".

A assembleia geral de acionistas da PT está agendada para 08 de setembro  e tem como ponto único na ordem de trabalhos deliberar, "no contexto da  prossecução da execução da combinação de negócios com as necessárias adaptações  face ao inicialmente anunciado e uma vez verificadas as condições prévias,  aceitar prosseguir com a celebração e execução dos acordos necessários com  a Oi, incluindo a celebração do contrato de permuta e do contrato de opção  de compra". 

O objetivo é realizar uma permuta entre a PT e as subsidiárias integralmente  detidas pela Oi, PT Portugal e PT International Finance, segundo o qual  a PT compra os instrumentos Rioforte, por contrapartida da venda pela operadora  portuguesa de 474.348.720 ações ON (ordinárias nominativas) e de 948.697.440  ações PN (preferenciais) da Oi representativas de 16,9% do capital social  da operadora brasileira e de 17,1% do capital social votante da mesma (ações  da Oi Objeto da Opção).  

Além disso, prevê-se a atribuição pelas subsidiárias da Oi à PT de uma  opção de compra irrevogável, não transferível, para readquirir as ações  da Oi Objeto da Opção (com o preço de exercício de 2,0104 reais para ações  ON e de 1,8529 reais para ações PN), pelo prazo de seis anos sendo o preço  ajustado pela taxa brasileira CDI, acrescida de 1,5% por ano, refere o ponto  de ordem de trabalhos proposto pelo conselho de administração da PT. 

Lusa