BCE vai comprar 60 mil milhões de euros de dívida por mês
O Banco Central Europeu anunciou hoje um programa de compra de ativos num valor total superior a um bilião de euros até ao final de setembro de 2016, uma ação inédita destinada a contrariar o risco de deflação na zona euro. O ritmo das compras deverá ser de 60 mil milhões de euros por mês.
© Kai Pfaffenbach / Reuters
O conselho de governadores "decidiu lançar um programa alargado de compra de ativos", anunciou o presidente do BCE, Mario Draghi, em conferência de imprensa.
O programa, que prevê a compra de dívida pública e privada no valor mensal de 60 mil milhões de euros, estará em vigor pelo menos "até ao fim de setembro de 2016", totalizando assim 1,14 biliões de euros.
Este montante poderá, no entanto, ser ultrapassado uma vez que o BCE admite manter o programa ativo para lá desta data "até haver um ajustamento perene da trajetória da inflação em linha com o nosso objetivo de atingir uma taxa de inflação próxima, mas inferior a 2%".
O presidente do BCE explicou que este programa de compra de ativos, que engloba um outro que incidia sobre dívida privada e tinha sido lançado pelo BCE no final de 2014, obteve o acordo da "larga maioria" dos membros do conselho de governadores.
A compra combinada de dívida pública e privada realiza-se segundo a quota de capital de cada país na entidade, através do seu banco central nacional, tendo Portugal uma quota de 1,7434%.
Apenas 20% dos títulos adquiridos terão risco partilhado, ou seja, eventuais perdas que daí decorram serão assumidas por todos os Estados da zona euro.
"Vinte por cento da compra de ativos suplementares serão submetidos ao regime de partilha de riscos", afirmou Draghi.
Quanto aos restantes 80%, cada banco central suportará os riscos.
As obrigações a adquirir terão uma maturidade entre 2 e 30 anos e terão de estar classificadas pelas agências de 'rating' com grau de investimento.
Os títulos de dívida pública da Grécia, que estão qualificados como 'lixo', não são para já abrangidos por este programa.
Questionado sobre o assunto, Draghi explicou que as regras traçadas para este programa são gerais e não apontam países concretos.
Draghi insistiu que a política monetária deve ser acompanhada "com rapidez" por reformas estruturais e recordou a "vários países" a necessidade de reformar o mercado laboral e facilitar a atividade empresarial.
"É crucial que as reformas estruturais se apliquem com rapidez", frisou.
Na reunião de hoje, o conselho de governadores do BCE decidiu também manter a taxa de juro diretora no mínimo histórico de 0,05%.
Com Lusa