As buscas do Ministério Público incidem sobre os mesmos documentos da Portugal Telecom SGPS que serviram de base à auditoria da PWC, auditoria essa que está pronta há cerca de um mês.
Uma das conclusões é que a administração da Portugal Telecom SGPS privilegiou um grupo económico específico, o Grupo Espírito Santo, na aplicação do dinheiro disponível em caixa na PT. Esta situação configura o favorecimento de um acionista em detrimento dos outros (a PT era detida em mais de 10% pelo Banco Espírito Santo, posição que agora pertence ao Novo Banco),
Por outro lado, a auditoria sugere que era muito difícil estas aplicações financeiras do grupo PT não fossem do conhecimento da administração da Portugal Telecom SGPS, nomeadamente de Henrique Granadeiro, CEO, e Zeinal Bava, presidente até ao momento em que se transferiu para o Brasil.
Com a falência da Rioforte, holding do GES, quase 900 milhões de euros foram considerados em risco de não pagamento e assim continuam, o que retirou valor correspondente à própria PT, na fusão com a brasileira Oi.
Entretanto, a auditoria da PWC já deveria ter sido entregue à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), mas houve atrasos. A administração da Portugal Telecom SGPS já entregou a versão preliminar ao regulador de mercado e mandou elaborar um sumário executivo com as conclusões da auditoria para divulgar em comunicado. No entanto, como a CMVM ainda não recebeu a versão certificada da auditoria com a marca de água e com as assinaturas dos sócios da PWC, ainda não deu autorização à PT SGPS para libertar o comunicado com as conclusões que a SIC agora avança.
A Policia Judiciária e o Ministério Público estão hoje a efetuar buscas na Portugal Telecom e na consultora Price Waterhouse Coopers. Esta ação está relacionada com os empréstimo da PT SGPS ao Grupo Espírito Santo. A Procuradoria Geral da República revela que estão em causa suspeitas de participação económica em negócio e burla qualificada.