A diretora-geral do FMI, Christine Lagarde, apresentou hoje em Londres um relatório sobre a situação económica do Reino Unido, o qual refere que o país sofreria um "período prolongado de incerteza" e uma diminuição das transações comerciais, além de uma volatilidade dos mercados financeiros.
O relatório sublinha que a realização do referendo já está a ter um "impacto" no investimento e na contratação de pessoal.
Lagarde defendeu que o Brexit acarreta um "risco de baixa" para a economia e que a perspetiva da saída da UE está a provocar "ansiedade em todo o mundo".
Contudo, o FMI sublinha que a decisão sobre se o Reino Unido deve ou não sair do bloco europeu compete ao eleitorado britânico e que a deliberação que este tomar "refletirá os fatores económicos e não económicos".
O FMI adianta que é provável que a reação dos mercados globais ao 'Brexit' seja "negativa" e admite que, inclusivamente, "pode vir a ser grave".
"Uma votação a favor do 'Brexit' poderia precipitar um período prolongado de incerteza, provocando a volatilidade dos mercados financeiros e um corte abrupto na produção", insistiu.
Ao mesmo tempo, o fundo diz que um novo acordo comercial com a Europa poderia ficar "sem resolução durante anos", com efeitos no investimento e na economia.
No relatório, a organização sublinha inclusivamente que a posição de Londres como centro financeiro global poderia ficar "corroída", tendo em conta que algumas empresas com sede no Reino Unido poderiam com o tempo mudar-se para a Europa ocidental.
Os mercados, refere o relatório, poderiam não esperar para conhecer o impacto do 'Brexit' na economia e reagiriam de maneira negativa, o que poderia dar origem a uma queda dos preços da habitação, um aumento dos custos do endividamento para as famílias e para o setor dos negócios, e inclusivamente um travão brusco do fluxo de investimento em setores como o das finanças e o da propriedade comercial.
O 'Brexit' poderia ter sobretudo um impacto no mercado interno britânico, defende o FMI.
O FMI fez esta advertência depois de o Banco de Inglaterra ter indicado na quinta-feira que a eventual saída do Reino Unido da UE provocará uma desaceleração da economia britânica.
No último relatório trimestral, o banco central britânico assegurou que a confirmação da rutura de Londres com Bruxelas no referendo de junho provocaria uma "drástica" desvalorização da libra esterlina e uma considerável subida da inflação, entre outros fatores negativos.
Lusa