Economia

Centeno diz que cortes em 2017 só no pagamento de juros da dívida

O ministro das Finanças disse esta segunda-feira que o défice de 0,9% do PIB em 2017, isto sem incluir a recapitalização da CGD, foi conseguido sem cortes de despesa, destacando a redução conseguida no pagamento dos juros da dívida pública.

Centeno diz que cortes em 2017 só no pagamento de juros da dívida
ANTONIO COTRIM

"Não houve nenhum corte, houve aumento de despesas, que se cifra no aumento da despesa primária [sem juros da dívida] em 2% e não estou a incluir neste número o registo da recapitalização da CGD [Caixa Geral de Depósitos]", afirmou esta segunda-feira Mário Centeno em conferência de imprensa, em Lisboa, realçando ainda o aumento do investimento público, da despesa dos consumos intermédios e da despesa em prestações sociais.

Segundo o governante, "o único corte significativo [feito em 2017] é com juros" da dívida.

De acordo com dados hoje divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a despesa com juros caiu 3,7% no ano passado (286 milhões de euros), de 7.761 milhões de euros em 2016 para 7.475 milhões de euros em 2017.

"Não há melhor maneira de partilharmos o sucesso da política económica do Governo do que esse corte nos juros, nos custos de financiamento. Olhando para a conta das administrações públicas em 2017 é muito fácil identificar que não há mais nenhum corte", acrescentou Centeno.

Já do lado da receita, o responsável pela pasta do Tesouro destacou que "quer a receita fiscal, quer as contribuições da Segurança Social cresceram a ritmo superiores" aos antecipados no final 2016.

O ministro destacou ainda o reforço do investimento público em 2017, referindo que aumentou 25%, ou 682 milhões de euros, face ao ano anterior.

A despesa pública em investimento passou de 2.733,8 milhões de euros em 2016 para 3.415,4 milhões de euros em 2017, segundo dados de hoje do INE.

Já sobre se o Governo mantém para este ano a previsão de um défice de 1,1% do Produto Interno Bruto (PIB), mesmo que haja uma injeção de capital do fundo de resolução no Novo Banco, Centeno não respondeu diretamente, referindo apenas que, "em 2018, o progresso feito em direção àquilo que é o objetivo de médio prazo vai continuar".

"Todas as contingências que estão por detrás da execução das contas públicas vão ser consideradas nesta evolução e entre elas também aquilo que possa resultar do processo de capitalização do Novo Banco", afirmou.

O também presidente do Eurogrupo considerou, por fim, que a consolidação das contas públicas que vem sendo feita permite a Portugal ficar mais protegido face a uma eventual evolução negativa.

"Seria inconcebível e imperdoável que o Governo português não aproveitasse essa situação para colocar as finanças públicas em Portugal num patamar de segurança face a um futuro sempre incerto, com o qual os portugueses foram confrontados num passado recente e de não de boa memória", disse.

Lusa