Economia

Sindicato quer Governo a mediar reunião com empresas que contratam para a Ryanair

O sindicato dos tripulantes de cabine vai solicitar ao Ministério do Trabalho que medeie uma reunião com as duas empresas de trabalho temporário que recrutam para Ryanair, que esta manhã continuou "inflexível", afirmou hoje a presidente do SNPVAC.

Sindicato quer Governo a mediar reunião com empresas que contratam para a Ryanair
Stefano Rellandini

Em declarações à agência Lusa, a dirigente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), Luciana Passo, garantiu que, na reunião desta manhã de mediação convocada pela Direção-geral para as Atividades de Trabalho, a transportadora aérea de baixo custo manteve "a mesma postura, o mesmo discurso e a mesma inflexibilidade", nomeadamente sobre a não inclusão de subcontratados num acordo de empresa.

Assim, o SNPVAC vai solicitar uma reunião com as empresas Crewlink e Workforce para debater as questões laborais dos trabalhadores subcontratados.

"Hoje, lamentavelmente, foi mais do mesmo. A Ryanair manteve uma postura inabalável e não querem um acordo coletivo que possam juntar trabalhadores das três empresas", lamentou a dirigente sindical, referindo que em causa estão casos de precariedade, incluindo trabalhadores subcontratados para a Ryanair há 10 anos.

"Essa precariedade tem de ter um fim", sublinhou à Lusa a responsável do sindicato, que referiu que a Ryanair voltou esta manhã a rejeitar negociar com a presidente do sindicato, por não ser sua tripulante.

Com os delegados sindicatos em Lisboa e no Porto a serem subcontratados, teria que ser o delegado em Faro, que é contratado pela Ryanair, a sentar-se à mesa, notou Luciana Passo, comentando que dentro dos aviões da companhia não há qualquer diferença visível entre os tripulantes.

A presidente reafirmou a disponibilidade para haver negociações com todas as empresas e a vontade de outros sindicatos se juntarem aos europeus que afirmaram a sua união e "procurar chegar a algum consenso", "mas com esta postura, não se deixa grandes alternativas".

Em resposta à Lusa, fonte oficial da Ryanair afirmou não comentar conversações com os seus colaboradores.

No passado dia 24, os tripulantes de cabine da Ryanair anunciaram que farão greve durante o verão, se a companhia aéreaa não acatar as reivindicações acordadas por vários sindicatos europeus até final de junho.

A decisão de convocar uma "ação industrial conjunta, incluindo o recurso à greve", foi anunciada depois de uma reunião na sede do SNPVAC, em Lisboa, com vários sindicatos europeus.

Em conferência de imprensa, a presidente do SNPVAC, Luciana Passo, informou que entre as condições colocadas à Ryanair, para resposta até 30 de junho, está a aplicação da "legislação nacional imperativa relativa a cada país nos respetivos contratos de trabalho e regulamentos internos da empresa".

"A Ryanair deve iniciar negociações com os representantes nomeados por cada sindicato, sem colocar antecipadamente quaisquer restrições", segundo a declaração conjunta dos sindicatos, que querem ainda a aplicação dos "mesmos termos e condições contratuais e legais" a todos os trabalhadores, incluindo os subcontratados.

Assim, se a Ryanair não cumprir as condições, os "sindicatos signatários comprometem-se a iniciar os procedimentos necessários para a convocação de uma ação industrial conjunta, incluindo o recurso à greve, a ter lugar durante o verão de 2018".

Os tripulantes de cabine das bases de Portugal cumpriram no período da Páscoa três dias não consecutivos de greve, tendo o sindicato criticado a Ryanair face ao recurso a trabalhadores de outras bases para minimizar o impacto da paralisação, o que levou à intervençaõ da Autoridade para as Condições de Trabalho.

O presidente executivo da Ryanair garantiu em 11 de abril à Lusa a legalidade das suas ações durante a greve e que os trabalhadores da companhia em Portugal preferem continuar com contratos sob a lei irlandesa, uma vez que ganham mais e têm mais dias de licença maternal.

"Os tripulantes são muito bem pagos. Ganham entre 30 a 40 mil euros por ano, o que é mais do que enfermeiros ou professores em Portugal e estamos muito agradecidos que poucos tenham apoiado a greve no fim de semana da Páscoa, e foi por isso que a greve teve tão pouco sucesso e cancelámos menos de 10% dos nossos voos", notou Michael O'Leary à agência Lusa.

Lusa