Uma nova polémica envolve o Novo Banco e os negócios suspeitos já estão a ser investigados pelo Ministério Público.
O banco terá não só vendido cerca de 13 mil imóveis a preço de saldo, como terá financiado o próprio comprador. Além disto, as perdas consequentes destes negócios terão sido pagas pelo Fundo de Resolução.
Entre os negócios está o "portfólio Viriato" que, segundo o jornal Público, terá sido o maior negócio imobiliário realizado em Portugal nos últimos anos.
O jornal revela que, em 2018, o Novo Banco vendeu uma carteira de imóveis a um fundo anónimo, sediado nas ilhas Caimão, e chegou mesmo a emprestar ao fundo o dinheiro necessário para comprar os ativos, ou seja, foi ao mesmo tempo o vendedor e o financiador da operação.
A carteira valia 631 milhões de euros, mas foi vendida apenas por 364 e o Fundo de Resolução acabou por ser chamado a cobrir parte das perdas: 260 milhões de euros.
A criação do Fundo, que aconteceu em 2012, prevê que seja injetado dinheiro sempre que as contas do Novo Banco fiquem no vermelho.
Governo pediu à PGR que acautele interesses do Estado
O primeiro-ministro pediu à Procuradoria-Geral da República que acautele os interesse do Estado no caso da venda de imóveis do Novo Banco.
Numa carta que o Ministério Público está a analisar, António Costa quer que seja travada a venda de mais ativos, até que seja concluída a auditoria que a Deloitte está a fazer à gestão do banco.
O primeiro-ministro lembra as acusações que Rui Rio fez no último debate parlamentar para sustentar o pedido.
Novo Banco esclarece: imóveis vendidos no Viriato não causaram prejuízos diretos ao Fundo de Resolução
O Novo Banco reagiu, em comunicado, à notícia avançada pelo jornal Público. O banco sublinha que os imóveis vendidos no Viriato não causaram prejuízos diretos ao Fundo de Resolução.
"A venda foi anunciada pelo Banco em outubro de 2018 e os seus resultados anunciados ao mercado. Ao contrário do que se pretende foi uma das várias operações realizadas pela Banca portuguesa em 2018 e 2019, aproveitando as boas condições do mercado imobiliário".
Termina dizendo que está disponível para esclarecer qualquer dúvida relacionada com o negócio.
PS quer ouvir presidente do Novo Banco na reabertura dos trabalhos parlamentares
O PS quer que o presidente do Novo Banco seja ouvido logo na reabertura dos trabalhos parlamentares, em setembro, visando esclarecer suspeitas se a venda de imóveis feita por este banco está a lesar o Estado.
Em declarações à agência Lusa, o vice-presidente da bancada socialista João Paulo Correia referiu que "há dois meses" a Comissão de Orçamento e Finanças aprovou uma série de audições propostas pelo PS com entidades e instituições do setor financeiro.