Economia

TAP reforça oferta para 80% dos níveis pré-pandemia, com o Brasil a começar puxar pela operação

Enquanto espera pelo sim de Bruxelas ao plano de reestruturação, a administração da TAP aumenta a oferta de voos para o inverno. Em videoconferência com os trabalhadores, a presidente executiva adiantou que as vendas no Brasil cresceram 20% desde 1 de setembro

A oferta de lugares da TAP no chamado inverno IATA, que começa no final de outubro e decorre até 26 de março de 2022, vai subir para 80% do que era antes da pandemia, em 2019, um crescimento significativo face à oferta de 50% que se verificou nos meses de verão (julho/agosto/setembro).

Uma nota de otimismo que Christine Ourmières-Widener, a presidente executiva da TAP, quis deixar numa conferência virtual, realizada na sexta-feira, onde participaram seis mil trabalhadores. A informação foi avançada pelo jornal digital "Eco", e confirmada pelo Expresso, junto de trabalhadores.

No encontro virtual, onde Christine Ourmières-Widener se fez acompanhar da restante comissão executiva, a gestora explicou também aos trabalhadores que as vendas no Brasil, o principal mercado da TAP, cresceram 20% desde que a 1 de setembro caiu a obrigatoriedade de quarentena, para quem viaja a partir da América Latina.

Ainda que 20% abaixo dos níveis pré-pandemia, a oferta de lugares na TAP pelo indicador chamado ASK (Available Seat Kilometer / lugares disponíveis por quilómetro) está a crescer. Nos primeiros meses da pandemia, a TAP - como a generalidade das companhias aéreas- ficou com a quase totalidade dos aviões em terra, e a recuperação foi sempre muito lenta. Os primeiros meses deste ano foram difíceis, com a oferta a 30% dos níveis de 2019.

A partir de 31 de outubro, a TAP vai ter 941 voos de ida e volta por semana, sendo que no Brasil vai operar com 52 voos semanais nas 12 rotas que cobre neste mercado.

Os Estados Unidos - mercado que nos últimos anos se tornou relevante para a transportadora - , o Canadá e o México terão 59 voos por semana em 11 rotas. Haverá ainda 585 voos para a Europa e 93 para África e Médio Oriente.

A quebra de 20% no chamado ASK (Available Seat Kilometer) significa uma recuperação significativa face aos níveis do inverno passado, quando a redução da capacidade andou entre os 60% e os 70% em relação ao inverno de 2019.

Após prejuízos históricos, dar a volta

O encontro virtual de Christine Ourmières-Widener foi marcado também pela apresentação de um vídeo motivacional, feito internamente, onde num filme de um minuto e meio, intitulado "Por onde a TAP voa, voa Portugal", a companhia reconhece que tem vivido momentos difíceis e defende que é tempo de dar a volta.

A TAP teve um prejuízo histórico de 1,2 mil milhões de euros em 2020. Na primeira metade deste ano o prejuízo foi de 493,1 milhões de euros, uma melhoria de 88,8 milhões de euros face ao mesmo período do ano passado.

“A cada passo um novo desafio. Não temos estado em forma, mas estamos empenhados em fazer melhor”. "Somos resilientes, resistimos ao passar dos tempos e à adversidade do caminho. Encontramos brilho na ausência de luz”. São algumas das frases que se encontram no vídeo, protagonizado pelo maratonista Filipe Alves, tripulante de cabina da TAP, que relembra que "todas as maratonas começam do zero“.

Christine Ourmières-Widener tinha feito também recentemente uma comunicação aos trabalhadores, onde afirmava que espera começar a operacionalizar o plano de reestruturação no final de outubro. A TAP já está, na prática, a aplicar o plano de reestruturação. Fez um corte de 25% na massa salarial e já reduziu o números de trabalhadores em mais de três mil.

Esta terça-feira, a presidente executiva da TAP estreia-se numa audição parlamentar na Assembleia da República, onde irá responder às questões dos deputados.

Até agora o Estado já injetou 1,662 mil milhões de euros na TAP. E no Orçamento do Estado para 2022 estarão inscritos mais 990 milhões de euros, revelou o ministro das Finanças em entrevista à RTP. O plano de reestruturação prevê um total de 3,2 mil milhões em ajudas de Estado.