O Banco de Portugal (BdP) manteve inalterada a sua projeção de crescimento para a economia portuguesa em 2021, apontando para uma expansão de 4,8%, "aproximando-se do nivel pré-pandemia no final do ano", indica o Boletim Económico de outubro, divulgado está quarta-feira.
A projeção do BdP permanece assim acima da estimativa do Governo. A 17 de setembro o ministro das Finanças, João Leão, avançava à Lusa uma estimativa de crescimento de 4,5% para este ano.
"A recuperação da atividade reflete o controlo da pandemia, através do processo de vacinação - com efeitos positivos na confiança dos agentes económicos - e a manutenção de políticas económicas expansionistas", escreve o BdP.
O banco central nota que a "despesa em serviços permanece abaixo do período pré-pandemia, dada a persistência de comportamentos de precaução, a recuperação lenta do turismo e um maior recurso ao teletrabalho". Em contraste, "a despesa em bens está já acima, embora condicionada pelas perturbações na oferta".
Tudo somado, aponta para um crescimento do consumo privado de 4,3%, "sustentado pelo crescimento do rendimento disponível e pela gradual redução da taxa de poupança".
Quanto ao consumo público, o BdP espera um crescimento de 5,2%.
Quanto ao investimento, deve crescer 5,6%, "suportado pelas perspectivas de recuperação, pelos fundos europeus e pelo crédito a taxas de juro baixas e com garantia do Estado".
Na frente externa, as exportações de bens devem crescer 10,7%, "acompanhando o dinamismo da procura externa dirigida à economia portuguesa". Mas as exportações de serviços "continuam condicionadas pelo impacto da pandemia", nota o BdP.
E, como resultado, no final deste ano as exportações de serviços "situam-se cerca de 20% abaixo dos valores pré-pandemia", antecipa o banco central.
O BdP aponta ainda um crescimento do emprego de 2,6%, levando a taxa de desemprego a diminuir para 6,8% (7% em 2020).
Em suma, o BdP considera que "o choque pandemico revelou-se temporário, não obstante o impacto mais prolongado em alguns sectores e empresas".