"É uma situação conjuntural, que estará resolvida na Primavera. Tem a ver com situações de escassez de gás natural. Os preços nos mercados grossistas de curto prazo sinalizam essas situações". Foi desta forma que Pedro Verdelho, administrador da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), indigitado para a presidência da instituição, analisou a presente crise energética na Europa, com uma vaga de preços historicamente elevados no gás natural e na eletricidade.
Ouvido na Assembleia da República (porque a sua indigitação pelo Governo tem de ser aprovada pelos deputados), Pedro Verdelho sustentou que a ERSE "antecipou" várias das medidas que a Comissão Europeia já propôs para solucionar a crise energética.
Na sua intervenção, Pedro Verdelho sublinhou o equilíbrio da proposta tarifária do regulador (que será agora apreciada pelo seu Conselho Tarifário, antes de a ERSE aprovar uma versão definitiva das tarifas para 2022). "Nós não estamos a fixar preços administrativos com défice [tarifário]", referiu perante os deputados.
A proposta da ERSE prevê uma descida de 3,4% da fatura das famílias no mercado regulado face aos preços atuais (que já tiveram um aumento de 3% a 1 de outubro e outro aumento de 3% a 1 de julho). E o nome indigitado para ocupar a presidência da ERSE defendeu que o cálculo feito não é muito diferente do que ocorre no mercado liberalizado. "O desenho da tarifa de último recurso é um exercício tarifário semelhante ao que um comercializador faz", referiu Pedro Verdelho.
O administrador da ERSE acredita que os comercializadores do mercado liberalizado acompanharão a descida do mercado regulado, porque "as tarifas no mercado acompanham a evolução desta proposta tarifária".
Na sua audição parlamentar, Pedro Verdelho também desvalorizou a vaga de sucessivos recordes no preço grossista no mercado diário (spot) da Península Ibérica, lembrando que os comercializadores não formam os seus preços unicamente com os preços do mercado spot, mas também com um cabaz de contratos de longo prazo.
"O mercado é muito mais do que o mercado spot. Há contratação no mercado a prazo, e de produtos com maturidades mais avançadas. E o preço para 2023 já nada tem a ver com o preço que estamos a viver hoje", referiu.