Economia

CGD propõe aumento salarial de 0,2%, sindicatos consideram proposta "insultuosa"

O banco público reviu a sua proposta de aumento da tabela salarial de 0,15% para 0,2% mas para o sindicato dos trabalhadores do grupo e sindicatos afetos à UGT não chega.

A CGD - Caixa Geral de Depósitos e os sindicatos não se entendem quanto à revisão do acordo de empresa da CGD para atualização da tabela salarial e outras remunerações pecuniárias para 2021.

Quer o sindicato do grupo CGD quer os sindicatos afetos à UGT, estes últimos o Mais Sindicato e SBC, rejeitam "liminarmente" a proposta à semelhança do que já haviam feito relativamente a propostas semelhantes de outros bancos.

Propostas "insultuosas"

O STEC (Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo Caixa Geral de Depósitos) sublinha a "injustificável demora em atualizar a tabela salarial e o valor de aposentação, que já vai em 23 meses de vigência", e dá nota de que a CGD tem recorrido "a subterfúgios inclassificáveis para ganhar tempo e apresentar “propostas” insultuosas de 0,2%".

Em comunicado, o sindicato que maior representatividade tem junto dos trabalhadores da CGD acusa a comunicação social de só falar "em lucros e das centenas de milhões que o Estado vai receber", mas que nada diz "sobre vários assuntos.

Entre esses assuntos, o STEC queixa-se de que os trabalhadores da CGD "são forçados a fazer milhares e milhares de horas extraordinárias , sem o pagamento que a lei impõe e o limite de trabalho extra que está determinado".

O STEC fala ainda, entre outras matérias, da recente atribuição de um "bónus". O sindicato liderado por Pedro Messias afirma que a atribuição do dito "bónus" "ignora um terço dos trabalhadores e a seguir discrimina, por critérios opacos, o valor a receber entre os felizes contemplados".

Mais, adianta que este exclui "inclusive trabalhadores por terem cometido o “erro” de faltar para prestação de assistência imprescindível e inadiável à família e assistência a filhos menores".

O comunicado do STEC faz alusão aos 429 milhões de euros de lucros da CGD até setembro, mais 9,4% do que em igual período do ano anterior e ao anúncio de distribuição de um dividendo extra de 300 milhões de euros.

Recusa liminar

O Mais Sindicato e o SBC acompanham a rejeição do STEC e em comunicado afirmam ainda que "apesar de várias insistências do MAIS e do SBC, só depois de meses de espera e já quase no fim do ano se realizou, no dia 4 de novembro, a primeira reunião de negociação".

Mais dizem que a CGD "manifestou disponibilidade para rever a sua posição inicial de 0,15% para 0,2% à semelhança do que havia sido apresentado pela restante banca em sede de revisão do ACT do setor bancário". Porém "a resposta dos sindicatos foi a expectável: recusaram liminarmente esta proposta, tal como já tinham feito com a restante banca".

Os sindicatos afetos à UGT afirmam que "no final da reunião, as partes concordaram em rever as suas posições e contribuir para que se obtenha um acordo com a maior brevidade possível".

E acrescentam que "atendendo ao atraso no processo para 2021, os sindicatos transmitiram ainda ser sua intenção negociar já a revisão da tabela salarial e cláusulas de expressão pecuniária para 2022".

E recordaram que a última negociação, que "permitiu a revisão salarial conjunta de 2019 e 2020", se tratou de "um processo vantajoso para todas as partes e que, consideram, deveria ser repetido na atual revisão".