Economia

Ministro das Finanças confia que dossiê TAP fecha em breve. É certo que virá com mais cortes de Bruxelas

João Leão admite que há questões levantadas por Bruxelas acauteladas no plano de reestruturação, mas recusa falar em "cedências"

Ministro das Finanças confia que dossiê TAP fecha em breve. É certo que virá com mais cortes de Bruxelas
NUNO BOTELHO

O ministro das Finanças está confiante de que o plano de reestruturação da TAP que sairá da negociação entre o Estado português e a Comissão Europeia será fechado “em breve”. Não se comprometeu com datas, mas admitiu que ele virá com medidas que respondam às inquietações de Bruxelas – ainda que lhes tenha recusado chamar “cedências”.

No entanto, o facto de o plano de reestruturação estar em investigação aprofundada é um sinal claro de que a proposta apresentada pela TAP em dezembro de 2020 não convenceu Bruxelas, e que são precisos cortes adicionais aos já avançados. Aliás, o jornal económico digital "Eco" falava na passada sexta-feira numa "necessidade da contribuição própria da TAP no esforço de reestruturação superior a 40%". Ou seja, cortes em slots (faixas horárias para aterrar e levantar voo), em rotas e em número de aviões.

“Não diria cedências, mas no plano de reestruturação temos de ter em consideração as questões que foram colocadas, quer pela Comissão Europeia, quer no âmbito do processo [consulta pública a terceiras partes envolvidas], e essas questões têm que ser devidamente acauteladas”, respondeu João Leão esta segunda-feira, 15 de novembro, à margem da tomada de posse de Gabriel Bernardino como presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

O ministro não se estendeu sobre quais as novidades que ali são incluídas. Mas o "Eco" dizia ter apurado que as negociações em curso apontavam para uma redução da ordem dos 20 slots (num total superior a 300). Menos otimista do que João Leão, o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, ainda falava na semana passada sobre as negociações "difíceis e complexas" que têm acontecido com Bruxelas devido às "visões diferentes" sobre a TAP.

“Estamos a fazer um trabalho muito intenso nessa matéria. A Comissão Europeia, nesse âmbito, teve de fazer a auscultação pública de outras partes que podiam ser afetadas pelo plano, e isso foi o que fez com que o plano tivesse de ser sujeito a um processo mais demorado de aprovação”, continuou o responsável pelas Finanças.

Terá sido no entanto um fator adicional na decisão da Comissão Europeia de avançar para investigação aprofundada a vitória no Tribunal da Justiça da União Europeia da Ryanair, que avançou com uma ação contra as ajudas estatais à transportadora aérea nacional, por considerar que distorcem a concorrência.

Em julho, Bruxelas decidiu abrir uma investigação aprofundada às ajudas de Estado à TAP, impondo ajustamentos adicionais ao plano de reestruturação, o que obrigou o Governo português a voltar a sentar-se à mesa das negociações. Ajustamentos significam cortes mais drásticos do que os já previstos: menos 2000 trabalhadores, menos 25% da massa salarial e uma redução da frota de 108 para 88 aviões.

Há praticamente um ano que está para chegar uma solução para a TAP, mas Leão insiste que não ficará assim por muito mais tempo. O ministro das Finanças já tinha dito em várias ocasiões que a expetativa era que o plano estivesse aprovado até ao final do ano. “Estamos na fase final de fechar o plano de reestruturação e dos contactos com a Comissão Europeia, e contamos ter o plano de reestruturação o mais cedo possível. Estamos confiantes de que será em breve aprovado. Uma fase muito final”, repetiu João Leão.