Economia

Falta de semicondutores, custos da energia e inflação deixam indústria automóvel europeia em alerta

As falhas no abastecimento de componentes para automóveis começaram com a pandemia mas estão a acentuar-se com a guerra na Ucrânia. A Associação Europeia de Fornecedores Automóveis teme “ambiente de negócios cada vez mais inseguro”

Falta de semicondutores, custos da energia e inflação deixam indústria automóvel europeia em alerta

“A crise pode exacerbar a pressão sobre a escassez global de semicondutores, que começou durante a pandemia e que está no centro da forte queda na produção de veículos. O fornecimento de matérias-primas críticas e o aumento dos preços da energia também terão um enorme impacto”.

É desta forma que Sigrid de Vries, secretária geral da Associação Europeia de Fornecedores Automóveis (CLEPA, na sigla em inglês), descreve o sector automóvel, em comentário a um inquérito divulgado esta quinta-feira.

Os resultados deste inquérito – realizado pela consultora McKinsey para a CLEPA – mostram ainda que a escassez de oferta [de componentes] e as preocupações com a inflação continuam a impedir a recuperação pós-pandemia da indústria de fornecimento de componentes automóveis. Do total dos inquiridos, apenas 22% indicam uma perspetiva positiva para o setor.

Apesar da perspectiva geral negativa, 63% dos entrevistados esperam aumentos de receita nos próximos 12 meses, acima dos 41% no outono do ano passado – altura da publicação do último inquérito sobre o sector.

CUSTOS DE PRODUÇÃO MAIS ELEVADOS

No entanto, e ainda segundo a CLEPA, a rentabilidade das empresas irá ressentir-se com os custos de produção mais altos e a também com a incerteza na cadeia de fornecimento.

Por outro lado, a inflação e a escassez de semicondutores reduzirão a rentabilidade da operação (EBIT) em 3 pontos percentuais em média. As margens médias ficaram em torno de 2,6% em 2020 e em torno de 5% em 2019. “Isso pressiona a capacidade dos fornecedores de manter os investimentos em inovação verde e digital”, concluem os responsáveis da CLEPA.

AMBIENTE DE NEGÓCIOS “MAIS INSEGURO”

Com a guerra na Ucrânia como pano de fundo, “os resultados refletem as expectativas dos fornecedores automóveis e revelam uma perspetiva para um ambiente de negócios cada vez mais inseguro”, nota ainda aquela associação. E sublinha que se espera que a guerra exacerbe muitos dos pontos de pressão a que o sector automóvel está exposto, principalmente no que diz respeito à resiliência da cadeia de fornecimento.

De Vries remata, dizendo que “a atual escassez global de semicondutores, o aumento dos preços da energia e dos custos dos materiais e o impacto económico e geopolítico da crise Rússia-Ucrânia estão a gerar incerteza nos negócios”.