Os combustíveis estão mais caros. Desde o início da semana que o litro da gasolina subiu 14 cêntimos e o do gasóleo 12. No caso da gasolina é o preço mais alto de sempre. E na próxima segunda-feira o preço vai voltar a mexer. No gasóleo, a subida pode voltar a chegar aos 12 cêntimos por litro. Caso se verifique esse aumento, o preço atinge também o valor mais alto de sempre.
Recuando até ao início do ano, a gasolina subiu 18 vezes e o gasóleo sofreu aumentos 15 vezes.
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A hora de fazer contas ao que se gasta em combustível por estes dias pode revelar-se uma verdadeira dor de cabeça e, atenção, os aumentos podem não ficar por aqui, por isso é tempo de perceber como poupar.
O desafio de poupança começa logo antes de entrar no carro. Veja o vídeo e confira as 10 dicas. A sua carteira agradece.
Afinal, porque é que estamos a pagar mais pelos combustíveis?
Já estamos habituados às oscilações do preço dos combustíveis mas volta e meia soa o alarme. Foi o que aconteceu nos últimos meses com a subida dos preços a ser uma constante.
O que ativou esta situação de alerta? Há uma explicação: as faíscas da guerra alastraram para fora da Ucrânia, originando uma instabilidade geral. É sabido que o aumento do preço do petróleo já vinha de trás, mas o conflito em território ucraniano foi um empurrão para uma escalada dos preços.
Porquê? A Rússia é um dos maiores produtores e exportadores do mundo de petróleo e com a invasão ao território ucraniano houve um desequilíbrio nos mercados, que provocou um aumento dos preços dos combustíveis. Além disso, com os EUA e muitas empresas petrolíferas a boicotarem as compras à Rússia há menos uma fonte importante de petróleo no mercado. Com menos oferta e a mesma procura, o preço sobe.
Como chegamos ao preço dos combustíveis?
São vários os fatores que influenciam o preço dos combustíveis. O que pagamos é a soma do custo do petróleo e da importação, uma vez que Portugal não é produtor e tem de comprá-lo e transportá-lo. Há ainda o custo da refinação, ou seja da transformação do petróleo em gasolina e gasóleo, e a margem de lucro das gasolineiras.
A somar a tudo isto, há também os impostos que pagamos para abastecer um carro. Para além do IVA, há o Imposto sobre Produtos Petrolíferos (ISP), as taxas sobre as emissões de dióxido de carbono e a contribuição do serviço rodoviário.
Não podemos esquecer que a cotação do petróleo é estabelecida a nível internacional, logo qualquer fator de instabilidade nos países produtores vai afetar o preço da matéria-prima. Além disso, é estabelecida em dólares, ou seja, se o dólar valorizar face ao euro, o mesmo dinheiro vai permitir comprar menos produto.
A gasolina e o gasóleo têm também cotações próprias, que nem sempre refletem o preço do crude. É por isso que muitas vezes vamos abastecer o carro num dia em que o preço do barril de Brent desceu e pagamos o mesmo, isto acontece porque o preço diz respeito à cotação da semana anterior.
Onde está o combustível mais barato? No site da Direção-Geral de Energia e Geologia pode ficar a saber quais são os postos com preços mais baixos.
No cálculo do preço há também que contar com a introdução de biocombustíveis, obrigatória por exigência da União Europeia para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa. A tudo isto acrescem ainda custos com o transporte, armazenamento, distribuição e comercialização, o que inclui a margem de lucro das empresas distribuidoras.
Quando é que os preços vão descer?
Um aumento do preço dos combustíveis pode facilmente provocar uma subida generalizada de preços no país. É por isso que a pergunta que todos fazem neste momento é: quando é que os preços vão descer?
Não há data para a tão desejada descida dos preços dos combustíveis e pode não acontecer tão cedo. Mesmo que o preço internacional do petróleo baixe agora não terá reflexos imediatos no preço da gasolina ou do gasóleo porque as gasolineiras compram petróleo com vários meses de antecedência.
O primeiro-ministro disse esta terça-feira que o preço dos combustíveis só baixará quando a guerra na Ucrânia terminar.
“É preciso ser claro para todos, os preços só vão baixar quando a guerra parar e quando for restabelecida a normalidade no fornecimento de combustível. Enquanto a guerra continuar, enquanto continuar a a haver este aumento do preço no mercado internacional, é evidente que (o preço) sobe também em Portugal”, disse António Costa aos jornalistas.
O Presidente da República já se mostrou preocupado com os efeitos que este aumento terá na economia do país se a guerra na Ucrânia se prolongar até ao final do ano. “Vamos ver se os países europeus reduzem a dependência do petróleo russo para ser possível amortecer esses choques que tocam toda a economia portuguesa”, disse Marcelo Rebelo de Sousa.
Em Portugal, há já vários setores do país a alertar para as consequências deste cenário e, por isso, pedem ao Governo que tome “medidas urgentes” para minimizar o aumento dos custos dos combustíveis.
António Costa “pode fazer muito mais”
José Gomes Ferreira, da SIC, critica a agenda política e a atuação do Governo em relação ao aumento do preço dos combustíveis em Portugal. Considera que António Costa “pode fazer muito mais” do que tentar controlar as margens nos combustíveis.
Avisa ainda que as famílias também ficam “muito penalizadas” numa outra fatura: o preço do gás de botija.
“É extraordinariamente imoral. O mercado das garrafas de botija tem margens brutas de 47% e 52% do butano e do propano. Isto é de loucos num pais destes em que as pessoas mais desfavorecidas do interior só têm esta forma porque não têm gás natural. O governo não faz nada”.
