José Gomes Ferreira da SIC, analisou, esta quinta-feira no Primeiro Jornal, o anúncio do Banco Central Europeu sobre a subida das taxas de juro.
“Era aquilo que Christine Lagarde não queria fazer. Lagarde é uma política, gere expectativas, então andou a empurrar (...) e não queria aumentar as taxas de juro. Só que os alemães, que representam uma quota de 30% do BCE [Banco Central Europeu], deram um murro na mesa e disseram: ‘mas como não aumenta os juros, se os Estados Unidos estão a aumentar?’”, começou por dizer.
O jornalista falou na desvalorização do euro face ao dólar e disse que “quanto mais os juros sobem numa zona monetária, mais o dinheiro foge para lá - literalmente fugia para os Estados Unidos”.
Há inflação, o Banco Central [Europeu] tem que subir os juros para controlar essa inflação e já vai muito tarde no caso europeu, e os alemães não iam deixar que isto continuasse assim, porque se estava a degradar o valor da moeda [euro]
O aumento exponencial da inflação
José Gomes Ferreira disse que “para além de Lagarde ter andado a dizer (...) que era tudo temporário, que a inflação era temporária, tinha um discípulo em Portugal que era Centeno, que andou a dizer a mesma coisa”.
“Há dois anos andávamos a avisar que isto não era nada temporário”, afirmou.
O jornalista considerou que a “guerra na Ucrânia e o aproximar da diminuição da pandemia são apenas aceleradores”.
“A razão principal foi que os bancos centrais, desde 2007, para resolverem problemas - que os Governos não conseguiram resolver - emitiram dinheiro que nunca mais acabava. Isto depois cria inflação”, explicou.
José Gomes Ferreira alertou para a surpreendente “capacidade dos políticos e banqueiros centrais de nos mentirem durante tanto tempo. E no caso português, a incapacidade do primeiro-ministro de admitir que o problema vinha aí. Nunca abriu a boca para dizer: ‘atenção, que vem aí a inflação e que os juros vão subir. Portugueses, preparem-se'. Nunca foi capaz disso”.
A inflação veio para ficar, ao contrário do que os políticos disseram até agora. E veio para ficar com a subida associada dos juros no Banco Central e nos mercados - dos bancos a emprestar dinheiro às pessoas
A grande interrogação
José Gomes Ferreira questionou “qual é a única grande arma do cidadão comum para combater a inflação?”. Respondendo que “só há uma. É ter aumentos de salários que, pelo menos, reponham grande parte da perda do poder de compra”.
Vai haver um conflito social enorme e as pessoas vão lutar por ter uma reposição do poder de compra
“O Governo tem de dizer o que vai fazer”, concluiu.