Economia

Ex-braço direito de Isabel dos Santos acusa Sonangol de ter escondido acordo

Falamos de Mário Leite da Silva que, numa carta enviada à Procuradoria Geral da República de Angola, nega ter praticado crimes ao serviço da antiga patroa.

Ex-braço direito de Isabel dos Santos acusa Sonangol de ter escondido acordo
OSVALDO SILVA/Getty Imagens

Durante anos foi o fiel braço direito de Isabel dos Santos. Agora, Mário Leite da Silva não quer ser conhecido como o "homem de mão" da empresária angolana, muito menos "o cérebro" dos vários negócios que estão a ser investigados em Angola e Portugal.

Na carta de 51 páginas que deu entrada na Procuradoria Geral da República de Angola pede rapidez nas investigações, mostra-se disponível para prestar esclarecimentos, mas avisa já que não vai assumir nada que seja fora da lei.

"A minha consciência não me acusa de ter praticado quaisquer crimes ou atos ilícitos"

Com a reputação a zeros e com as contas e património arrestados à ordem dos processos judiciais, o economista que geria boa parte dos interesses de Isabel dos Santos rejeita agora responsabilidade no buraco de mais de 200 milhões de dólares com a compra da joalheira De Grisogono, grande parte com dinheiro da empresa Sodiam, ou seja, do Estado angolano.

Mais. Aponta as principais decisões para Sindika Dokolo, marido de Isabel dos Santos que morreu em outubro de 2020.

É também à antiga patroa que Leite da Silva imputa as escolhas no negócio suspeito, que fez chegar mais de 130 milhões de dólares da Sonangol a uma sociedade do Dubai que pertencia a Paula Oliveira, amiga de Isabel dos Santos.

À Sonangol, Leite da Silva lança agora fortes acusações no caso da participação de uma sociedade de Isabel e Sindika na Esperaza, a empresa que detém 33% da Galp.

O gestor assegura que em 2019, a petrolífera aprovou um acordo definitivo, com o beneplácito do Presidente da República e do Procurador Geral para o pagamento de 72 milhões de euros que o casal Dokolo dos Santos tinha pedido emprestado há mais de uma década para a compra das ações.

Segundo Leite da Silva, o documento teria posto fim ao conflito no Tribunal Arbitral holandês que no ano passado, anulou o negócio e declarou a Sonangol como única dona da Esperaza.