Em entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios, o presidente da Endesa, Nuno Ribeiro da Silva, disse que a eletricidade vai sofrer um aumento de pelo menos 40% até ao final deste verão.
Em causa está o mecanismo aplicado a Portugal e Espanha e que permite um desconto nos preços do gás natural. O problema é que essa diferença será paga pelos consumidores. Na reação, o Governo diz que nada justifica um aumento desta ordem.
“O MAAC [Ministério do Ambiente e da Ação Climática] rejeitas estas declarações alarmistas do presidente da Endesa e não vê qualquer justificação no aumento de preços que foi comunicado”, defendeu, em resposta à Lusa.
O presidente da Endesa diz que a "desagradável surpresa" deve aplicar-se a todos os novos contratos e àqueles que cumpram um ano.
Garante ainda que esta subida nada tem a ver com as elétricas, mas sim com o "travão ibérico" acordado com Bruxelas. Permite a Portugal e Espanha ter um desconto nos preços do gás natural, que é utilizado para produção de eletricidade.
Contactado pela SIC, o Governo rejeita estas declarações e diz que não há qualquer justificação para um aumento de preços tão significativo e que este mecanismo ibérico não gera défice tarifário.
A SIC sabe que já há empresas a receber faturas com esta parcela que quase duplica o valor a pagar todos os meses.
O Governo refere ainda que o mercado livre tem outros comercializadores e que “os consumidores poderão sempre procurar melhores preços”, ou aderir à tarifa regulada, que "foi reduzida em 2,6% no segundo semestre deste ano".
O preço médio no Mercado Ibérico da Eletricidade (MIBEL) para este domingo, com o valor do ajustamento, ascende a 199,08 euros por megawatt-hora (MWh).
Este montante “compara com o valor de 253,16 euros por MWh caso não existisse o mecanismo, traduzindo-se assim numa redução de 54,08 euros por MWh, o que corresponde a uma poupança de cerca de 21%".
