Economia

DescobrirPress, empresa do grupo Impala, abriu insolvência

Funcionários exigem que dívidas sejam pagas com o património dos administradores

DescobrirPress, empresa do grupo Impala, abriu insolvência
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A DescobrirPress, editora pertencente ao grupo Impala, abriu insolvência em outubro. Agora, os trabalhadores da empresa exigem que o património dos administradores pague as dívidas acumuladas.

Criada há quase 40 anos, a DescobrirPress era a editora de revistas como a Nova Gente, a Maria ou a TV7 Dias. Em outubro, a empresa foi declarada insolvente, o que levou ao despedimento coletivo de 59 trabalhadores.

Os relatos dos jornalistas despedidos:

"Eles despediram basicamente a redação da Nova Gente toda. Nunca pensei acabar a minha carreira de 40 anos de jornalismo assim. E em Portugal temos outro problema: uma pessoa depois dos 50 não existe para nenhuma empresa", afirma Alexandra Ferreira, jornalista e ex-funcionária da Impala, despedida em 2020.

"Durante dois anos, nós andamos com salários em atraso. Chegámos a ter dois ordenados e meio em atraso. Quando vim para a rua, fiquei com meio ordenado de outubro [de 2020] em atraso", conta Liliana Silva, fotógrafa e ex-funcionária da Impala, despedida em 2020.

Um ex-quadro da empresa garantiu à SIC que alguns dos salários em atraso remontam a 2011.

Funcionários querem dívida paga com património dos administradores

Agora, alguns antigos e atuais trabalhadores da Impala vão avançar com um incidente de qualificação de insolvência. O objetivo deste processo jurídico é fazer com que a dívida seja paga pelo património dos administradores e acionistas.

“Nesse incidente de qualificação é que se irá apurar se a insolvência foi culposa ou não, portanto, se houve atos de má gestão por parte da sociedade. O administrador, o que conseguiu apurar, foi um passivo de aproximadamente 98 milhões de euros e um ativo muito pouco significativo”, revelou a advogada de quatro ex-funcionários da DescobrirPress, Catarina Costal.

Contactada pela SIC, a advogada da empresa diz que o valor dos créditos ainda não está fixado.

Segundo o jornal Expresso, a empresa de Jacques Rodrigues aponta o dedo aos efeitos da covid-19 e da guerra na Ucrânia, para além da concorrência do digital.

Refere ainda o facto de não ter sido incluída no apoio de 15 milhões de euros concedido pelo Governo aos meios de comunicação social, na primavera de 2020, para fazer frente à crise causada pela pandemia.

O pedido de insolvência foi feito há mais de dois anos, mas foi interrompido por quatro PERS - Processos Especiais de Revitalização - apresentados pela empresa e sucessivamente chumbados em tribunal.

Os antigos funcionários acusam a Impala de arrastar o caso para ganhar tempo e dissipar os bens da sociedade.

“O que ficou na DescobrirPress foi apenas o passivo dos trabalhadores. Onde estão os direitos das revistas? Os resultados das vendas das revistas?”, questiona a advogada Catarina Costal.

Caso o tribunal considere a insolvência culposa, os administradores são obrigados a pagar a dívida e podem ficar inibidos de exercer funções de administração noutras empresas por um período de dois a 10 anos.